Sem BR do Mar, transportar grão pelo litoral brasileiro custa o mesmo que enviar à China

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Após a BR do Mar, projeto que facilita a navegação por cabotagem no Brasil ser aprovado no Câmara dos Deputados, o setor produtivo espera uma redução nos custos para o escoamento de cargas agrícolas entre portos brasileiros. Atualmente, o transporte de itens agrícolas via cabotagem é inviável, como destaca Edeon Vaz Ferreira , diretor-executivo do Movimento Pró-Logística de Mato Grosso.

“Hoje, o frete de longo curso para a China custa em torno de US$ 35 mil a diária para navio com capacidade de 50 mil toneladas. Uma carga de arroz que sai do Rio Grande do Sul com destino ao Recife [em Pernambuco] sai por esse mesmo preço. Com a BR do Mar podemos reduzir esse valor”, pondera.

Vaz Ferreira projeta ainda que o arroz será um dos produtos agrícolas mais favorecidos com a lei que facilita o uso da cabotagem. “O grão que é produzido no Rio Grande do Sul conta com o porto de Rio Grande, que está próximo da área produtiva no estado, responsável por abastecer grandes centros do país, como São Paulo e Rio de Janeiro, além de outras capitais litorâneas”.

Cálculo

O presidente do Movimento Pró-Logística diz que, no momento, é difícil projetar valores para o transporte de cargas agrícolas via cabotagem. Isso ocorreria porque a referência no Brasil para o escoamento de mercadorias sempre foi o modal rodoviário. Por outro lado, acredita que, após entrar em vigor, a BR do Mar deve aumentar a taxa de transporte aquaviário na logística do país, que hoje é de 11%.

“Com a movimentação de cargas agrícolas no corredor do Rio Tapajós, que deve crescer 3 milhões de toneladas de grãos ao ano, além do potencial da hidrovia do Tocantins, que deve entrar em funcionamento em até seis anos, com capacidade para escoar até 20 milhões de toneladas de grãos, a tendência é de que a navegação por interior chegue a 20% nos próximos dez anos”, projeta.

BR do Mar ampliará mercado

Para Edeon Vaz Ferreira, com a BR do Mar, o custo com cabotagem consequentemente será menor, devido ao maior número de empresas que devem ingressar nesse mercado. Atualmente apenas três empresas prestam o serviço.

“Se não houver concorrência não há redução de custo. A lei estimula a entrada de novas empresas no ramo, facilita os tramites com a contratação da tripulação e ainda aumentar a oferta de navios para a cabotagem. O que nós temos que pleitear agora é uma redução nos valores do bunker”, comenta.

O bunker, combustível destinado ao abastecimento de navios de grande porte, representa um gasto extra na cabotagem, pois o seu valor varia de acordo com o percentual que é cobrado sobre Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada estado brasileiro.

Por Canal Rural