Coluna – Torcida no Maracanã faria diferença no Flamengo de hoje

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© Alexandre Vidal/Flamengo/Direitos Reservados

O discurso parece combinado. Jogadores e o técnico Rogério Ceni dizem, agora, em janeiro de 2021, que a ausência da torcida nos estádios, em especial no Maracanã, tem sido um dos principais motivos para o mau desempenho do time no Brasileirão. Se considerarmos que desde a primeira rodada, em agosto do ano passado, o torcedor não está presente, seria o que chamamos, entre amigos, de desculpa esfarrapada.

É fato que a torcida do Flamengo é vista como o “12º jogador” e que já fez diferença em alguns confrontos, mas devemos pensar, também, que ao jogar fora de casa o time não sofre a pressão contrária. Inclusive, numa Copa Libertadores, por exemplo. E é sempre bom lembrar que o time, esse e os de outras épocas, já fez boas atuações com estádios vazios. Na memória, porém, eles fazem questão de lembrar do que aconteceu em 2019. Mas o que vimos naquela época, na verdade, não foi apenas uma torcida empurrando um time, mas, sim, também um time incentivando o torcedor a comparecer aos estádios e vibrar.

Pergunta 1 – com o time jogando o que tem jogado, o torcedor teria motivação para ir aos jogos, como em 2019?

Pergunta 2 – com o torcedor lotando o estádio, a passividade dos jogadores seria vista?

Pergunta 3 – As mudanças feitas pelo ex-técnico Doménec Torrent e, agora,  por Rogério Ceni seriam aceitas?

Pergunta 4 – O catalão, com o torcedor ali, colado atrás do banco de reservas, teria durado tanto tempo?

Pergunta 5 – E Ceni ainda estaria resistindo no cargo?

A história seria outra, sem dúvida alguma. Melhor ou pior, isso a gente não tem como saber. Mas é evidente que é muito simplório jogar na ausência da torcida o mau futebol que tem sido mostrado. Os jogadores não têm outra motivação? Ou ainda, não existe a obrigação pela vitória? Como explicar que nos treinos exista tanta vibração a ponto de, como disse o Diego, os jogadores se “enroscarem” entre si? Lá também não tem torcida.

Não estou no dia-a-dia do clube, mas as notícias que surgem, a todo instante, dão conta de um ambiente desgastado, confuso, tenso, dividido. Pior, sem comando. E talvez aqui esteja o mais grave. E, creiam, pode não ser responsabilidade do Rogério Ceni, mas sim de quem está acima dele, como um diretor ou supervisor. Alguém já reuniu o grupo e fez uma cobrança mais dura? Alguém já conversou com o Ceni para explicar a ele que há situações impróprias para o momento, como improvisar Arão de zagueiro, tendo tantos outros no grupo, e até mesmo Vitinho como lateral? Já disseram ao técnico que ele pode usar a base do clube, sem a obrigação de colocar apenas os “medalhões”?

Nesta terça-feira (12), o torcedor marcou presença na entrada do Ninho do Urubu. Não era o que os jogadores queriam ver, pois não é com violência que se resolve alguma coisa, em qualquer esfera da vida. Mas a postura dos cerca de 50 que apareceram lá em Vargem Grande dão bem uma ideia do que seria visto também no Maracanã. Será que ajudaria o time a voltar a vencer? Tenho minhas dúvidas.

 

Sergio du Bocage é apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.

Edição: Carol Jardim

Fonte: Sergio du Bocage – Repórter da TV Brasil – Rio de Janeiro – Agência Brasil – Rio de Janeiro
Crédito de imagem: © Alexandre Vidal/Flamengo/Direitos Reservados