Bitcoin precisa ser regulado, diz Banco Central Europeu
Redação
O Bitcoin completou 12 anos de existência em 3 de janeiro de 2021. No entanto, aparentemente os governos seguem sem entender seu funcionamento. Por exemplo, a Presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, afirmou hoje que o Bitcoin é utilizado na lavagem de dinheiro.
Será que o dólar não é utilizado com a mesma finalidade? O governo americano consegue saber quem é o dono das contas bancárias no Panamá, Ilha de Jersey, Bermuda, ou Mônaco?
De maneira similar, como ficam as malas e cuecas recheadas de dinheiro encontradas com políticos? E quanto aos imóveis em nome de laranja ou de offshores, as empresas cujos sócios ficam ocultos?
Bitcoin é um ativo especulativo?
-->Sim. O Bitcoin valorizou 863% em dólar nos últimos 2 anos, e 4.046% nos últimos 4 anos. Seria estranho se no meio do percurso não tivéssemos quedas de 20% ou 40%. A grande oscilação na cotação ocorre pois o ativo está em seu início de vida.
De maneira análoga, o ouro durante as décadas de 70 e 80 teve diversos períodos com quedas de 20% ou 30%, conforme comprovam os gráficos abaixo.
Na medida em que o Bitcoin ganhar um maior número de adeptos, seja diretamente ou através dos fundos de investimento, é natural que a variação média em sua cotação seja reduzida. Deste modo, é correto afirmar que mercados embrionários são naturalmente mais especulativos que os demais.
Não. Por que algum contraventor iria escolher justamente um sistema que deixa um registro histórico aberto e guardado para sempre? Por mais que as transações sejam ocultas através do endereço (conta), existem empresas especializadas em fazer o rastreamento do IP das máquinas na internet.
Similarmente, a maior parte das corretoras (exchanges) exige identificação do cliente para conversões entre criptomoedas e valores fiduciários, os Dólares, Euros, e Reais. Há incontáveis casos de criminosos que foram descobertos tentando ocultar valores em Bitcoin.
O mesmo método pode ser obtido no sistema tradicional, através das empresas offshore, ou utilizando paraísos fiscais. O dinheiro fiduciário tampouco é rastreável fora dos bancos regulados.
Bitcoin pode ser regulado?
Em parte. Quando falamos da rede Bitcoin, os computadores ligados à internet e satélites transferindo as informações de movimentação das moedas, nada pode ser feito. Isso porque o Bitcoin não é uma empresa, não possui servidores próprios, e tampouco é dependente do Amazon Web Services (AWS) ou similar.
Entretanto, sempre que há trocas entre criptomoedas e valores fiduciários, entra em cena o sistema financeiro tradicional. De fato, nessa ponta os governos podem (e devem) criar regras e medidas para dificultar a lavagem de dinheiro.
Todavia, isso já ocorre na maioria dos países, com as corretoras (exchanges) exigindo cadastro dos clientes, além de bloquear e informar eventuais distorções às autoridades competentes
Abaixo o CEO da exchange Mercado Bitcoin, Reinaldo Rabelo, conversa com três especialistas sobre o Projeto de Lei que pretende regular o setor no Brasil:
Bitcoin sobrevive sem o dólar?
Sim. O Bitcoin foi criado para atuar como uma rede de transferências e armazenamento 100% independente das demais moedas. Isso não é um plano ou promessa, pois já funciona na prática.
Embora seja pequeno o número de comércios que aceitam Bitcoin, é possível trocá-lo por cartões-presentes, estes sim aceitos nas grandes redes varejistas. Similarmente, não é possível pagar o aluguel ou supermercado utilizando o ouro, no entanto isso não reduz o valor de mercado do ativo.
Com o tempo, novas soluções estão sendo desenvolvidas para permitir transações menos custosas. Deste modo, possibilitando que a atual reserva de valor passe a funcionar também como meio de troca.
De qualquer modo, fique tranquilo, o Bitcoin é incensurável e seguro. Ou seja, isso se dá através da criptografia, além da rede de usuários que valida as transações.