Um dia após anúncio de renúncia do presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou a investidores que vai acelerar o calendário de concessões e privatizações. O presidente da companhia anunciou saída do cargo na noite de domingo (24/1).
A estatal garante que a decisão foi tomada por motivos pessoais, mas há relatos de que a decisão ela ocorreu depois de dificuldades para privatizar a companhia.
“Pretendemos acelerar os leilões de concessões e privatizações, em especial no âmbito do Programa de Parcerias e Investimentos, o PPI, que tem uma carteira de projetos estratégicos de longo prazo, baixo risco e com taxas de retorno atraentes e estáveis”, disse Bolsonaro na Conferência de Investimentos na América Latina promovida pelo banco Credit Suisse, nesta terça-feira (26/1)
“Em 2021, vamos acelerar o calendário de privatizações e dar continuidade às medidas de aperfeiçoamento do ambiente de negócios. Queremos regulamentos mais simples e menos onerosos para destravar o imenso potencial do Brasil e facilitar o trabalho da iniciativa privada.”
Grande defensor da privatização da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior estava à frente da empresa desde julho de 2016, quando foi nomeado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). Bolsonaro o manteve no cargo por orientação de Paulo Guedes.
A renúncia ocorre no momento em que os dois candidatos do governo ao comando do Congresso, o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), declararam publicamente que, se eleitos, as privatizações não serão agenda prioritária.
A permanência do executivo no cargo era considerada por economistas como essencial para que a privatização andasse. Ele estava preparando a empresa para isso.
Projeto de privatização
Em novembro de 2019, Bolsonaro assinou projeto de lei que viabiliza a privatização da Eletrobras. A proposta foi anunciada durante a cerimônia de comemoração aos 300 dias de governo, no Palácio do Planalto.
A estimativa era de que o projeto fosse aprovado ainda no primeiro semestre de 2020 pelo Congresso Nacional, porém a análise foi postergada. Líderes do governo alegam que a pandemia atrasou o cronograma de apreciação da matéria, no entanto, não há consenso no Congresso em torno da privatização da estatal. Parlamentares favoráveis à medida consideram que faltou empenho do governo federal.
Aos investidores, Bolsonaro afirmou ainda que o governo está empenhado em promover a abertura econômica e a facilitação dos investimentos.
“Conte com nosso empenho para continuarmos a trilhar o caminho da abertura econômica e da facilitação do comércio e dos investimentos. Faço um convite a todos para que aproveitem as oportunidades desse novo cenário do Brasil”, disse o presidente.
Bolsonaro participou de evento do Credit Suisse, por videoconferência, ao lado dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e da Economia, Paulo Guedes.