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Entenda o que é negacionismo e porque a palavra tem sido usada

Em um mundo de pós-verdade, em que a todo momento é preciso checar uma informação para não cair em fake news, o negacionismo tem ganhado cada vez mais força e espaço entre os debates e discussões políticas. O próprio governo de Jair Bolsonaro (sem partido) é tido como exemplo como negacionista em relação a pandemia da Covid-19.

O que é negacionismo?

Para entender o seu contexto, é preciso antes de tudo saber o que de fato a palavra significa. De acordo com historiadores, a definição de negacionismo é “a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável”, ou seja, é um embate direto com os métodos científicos, estes provam fatos e realidades com números e pesquisas.

O negacionismo nada mais é que uma ideologia que surge em momentos específicos da sociedade, principalmente quando existe uma crise global ou quando surge um novo “desconhecido”. Por isso, não é atoa que neste momento de pandemia do novo coronavírus, discursos negacionistas estão se destacando na sociedade.

Se o negacionista vai contra os fatos científicos, do que ele se sustenta?

É muito comum que discursos que promovam o negacionismo se baseiem em teorias conspiratórias, informações falsas ou distorcidas, interesses políticos e religiosos, disputas ideológicas, e por aí vai. Para a ciência, o negacionismo é conhecido também como “pseudociência que contradiz um mundo imenso de teorias, verdades comprovadas e pesquisas sérias”.

Como surgiu?

A teoria negacionista não é de hoje. Ao longo da história da humanidade é possível identificar diversos discursos negacionistas, estes que normalmente vinham de autoridades e influências políticas. Em 1950, quando a indústria de tabaco estava no auge do seu desenvolvimento, uma fabricante norte-americana reagiu às evidências científicas que associavam o fumo ao câncer.

Seguindo esta mesma linha de raciocínio, alguns negacionistas chegaram a negar o buraco da camada de ozônio formado e o vírus da AIDS, afirmando que se tratava de um “vírus passageiro inofensivo”. Na história, até mesmo o holocausto que marcou a Segunda Guerra Mundial com o genocídio da população judaica foi alvo de tal teoria.

Indo mais a fundo, nem sempre a ciência (em escala global) teve tanto acesso à informação como nos dias de hoje. Por isso, é comum de pensar que no passado o negacionismo se fez presente com mais frequência. Não a toa que o modo como vivemos atualmente difere com o passado em diversos aspectos, tanto sociais como econômicos.

Exemplos de frases negacionistas

Bolsonaro é um eterno admirador de Donald Trump (Foto: Alan Santos/PR)

‘Gripezinha’

“Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar, não. Se o médico ou o ministro me recomendar um novo exame, eu farei. Caso contrário, me comportarei como qualquer um de vocês aqui presentes.”

Declaração dada por Jair Bolsonaro, no dia 20 de março de 2020 durante entrevista à imprensa.

No mesmo dia da fala de Bolsonaro, as secretarias estaduais de Saúde divulgaram 977 casos confirmados da Covid-19 no Brasil em 23 estados. No dia em que também já haviam 11 mortes por causa da doença; 2 no Rio de Janeiro e 9  em São Paulo.

‘No Brasil não existe racismo’

“Para mim, no Brasil não existe racismo. Isso é uma coisa que querem importar aqui para o Brasil. Isso não existe aqui.”

Declaração dada pelo vice-presidente Hamilton Mourão no dia 20 de novembro de 2020.

A frase foi dada ao comentar o caso de João Alberto Silveira Freitas, um homem negro de 40 anos que foi morto no supermercado Carrefour em Porto Alegre. Ele foi espancado até  a morte por dois seguranças. Segundo o Atlas da Violência 2020, o Brasil aumento os índices de assassinatos da população negra em 11,5%, de 2008 a 2018, enquanto a de não negros caiu 12%.

‘Aquecimento global não existe’

“No leste (dos EUA), pode ser o Ano Novo mais frio á registrado. Talvez a gente pudesse ter um pouco daquele velho aquecimento global que nosso país, mas não os outros, ia gastar trilhões de dólares para impedir. Se agasalhem!”.

Declaração dada por Donald Trump em dezembro de 2018 no Twitter.

Segundo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 2018, mesma época da fala de Trump, o planeta terra atingiu um grau mais quente do que no período de industrialização. A temperatura média global nos primeiros 10 meses de 2018 ficou 0,98ºC acima dos níveis de 1850-1900, segundo cinco relatórios independentes de dados globais. Já quanto os efeitos negativos causados pelo aquecimento global, a ciência já provou que o fenômeno traz consequências graves e e complexas para a terra, além de danos irreversíveis para a humanidade. 

 

Fonte: CDI
Informação de imagem: Bolsonaro é um eterno admirador de Donald Trump (Foto: Alan Santos/PR)

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