Pela segunda noite consecutiva, nas cidades de Amesterdã e Eindhoven várias pessoas protestaram contra as novas medidas de confinamento para tentar conter a progressão do novo coronavírus nos Países Baixos. Os manifestantes saquearam lojas, provocaram vários incêndios. A polícia, que usou canhões de água para dispersar os protestos, deteve 240 pessoas.
As manifestações começaram depois de o governo holandês ter anunciado novas medidas de confinamento, entre elas o recolhimento noturno obrigatório pelo menos até 9 de fevereiro. A medida é a primeira no país desde a Segunda Guerra Mundial.
O governo de Mark Rutte, demissionário, propôs um recolher obrigatório entre as 20h30 e as 4h30 local, mas a proposta aprovada é de recolher obrigatório noturno, entre as 21h e as 4h30. Os infratores têm de pagar multa de 95 euros.
Na capital, Amesterdã, a polícia recorreu a canhões de água, numa das principais praças da cidade, para dispersar os manifestantes que participavam do protesto sem permissão das autoridades. Quase 200 pessoas foram detidas. Também na cidade de Eindhoven, as autoridades policiais usaram canhão de água e gás lacrimogêneo para dispersar as centenas de manifestantes, que incluíam apoiadores do grupo de extrema-direita e anti-imigração Pegida. Pelo menos 55 pessoas foram detidas na cidade, no Sul do país.
Nesta manhã ainda são visíveis os estragos provocados pelos distúrbios. O presidente da Câmara de Eindhoven afirma que os “estragos são enormes e sem precedentes”. “Essas pessoas estão completamente perturbadas. Isso foi violência excessiva”, afirmou John Jorritsma, acrescentando que está convencido de que os manifestantes não são apenas de Eindhoven.
Centro de testes
Na vila de Urk, a 80 quilômetros da capital, um centro de testes de covid-19 foi incendiado na noite de sábado. “O incêndio, no centro de Urk, vai além de todos os limites” afirmou o ministro da Saúde. No sábado, as autoridades já tinham detido 25 pessoas em todo o país e multado 3.600 por violação do recolher obrigatório.
O presidente do Conselho de Segurança Nacional, Hubert Bruls, disse que compreende a frustração dos manifestantes, mas lembra que se a medida for cumprida agora, a liberdade virá mais cedo.
Primeiro-ministro
O primeiro-ministro holandês condenou os protestos das últimas noites no país e defendeu a atuação das autoridades policiais. “É inadmissível. O que passou pela cabeça dessas pessoas?”, afirmou Mark Rutte.
O chefe do Governo, demissionário, considera os protestos um “ato de violência criminosa” que “nada tem a ver com a luta pela liberdade”. Rutte recorda que 99% da população cumpre as mediadas de confinamento impostas.
“A polícia agiu de forma adequada”, acrescentou.
Os bares e restaurantes em todo o país estão fechados desde outubro. As escolas e o comércio não essencial não abrem as portas desde dezembro.
Os voos provenientes do Reino Unido, da África do Sul e América do Sul estão proibidos, com o objetivo de conter a entrada das novas variantes no país.
Desde o início da pandemia, os Países Baixos já registraram 944 mil casos de infecção pelo novo coronavírus e 13.464 mortes.
Dinamarca
Uma manifestação contra as restrições impostas para conter a pandemia, organizada por um grupo radical, em Copenhague, originou novos incidentes na noite de sábado e resultou em cinco detenções, relataram a polícia e os meios de comunicação locais.
No protesto foi queimado um manequim com a imagem da primeira-ministra, Mette Frederiksen.
Centenas de pessoas reuniram-se no início da noite, antes de marcharem com tochas pela capital dinamarquesa, gritando “liberdade para a Dinamarca, já chega”, contra as medidas tomadas para evitar a propagação da covid-19.
O grupo no facebook, chamado “Homens de Negro Dinamarca”, organiza, há mais de um mês, manifestações contra a “coerção” e a “ditadura” do semiconfinamento no país.
Apesar do tom radical dos manifestantes, a maior parte da marcha ocorreu de forma pacífica, com forte dispositivo policial. As tensões surgiram à medida que os manifestantes começaram a dispersar, quando foram arremessadas garrafas em direção às forças de segurança.
Fonte: RTP – Amsterdã