Poupar ou investir? Veja a diferença e como aplicar seu dinheiro em 2021
Redação
Para quem quer começar o ano de 2021 organizando sua vida financeira, vale entender a diferença entre poupar ou investir. Estabelecer metas e procurar por educação financeira são itens que podem guiar a escolha pelos investimentos do ano. Para esclarecer esse assunto conversamos com Renata Berenguer, professora de administração do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e doutoranda em administração pela Universidade Federal da Paraíba (UFPE).
Qual a diferença entre poupar e investir?
Para saber as diferenças entre poupar e investir vamos entender os conceitos dos dois termos. Poupar é o ato de guardar dinheiro, deixar de gastar uma quantia e deixá-la “parada”. Berenguer explica que é uma atitude muito importante, mas que trás um problema: a perda do poder de compra. Para exemplificar: em 2021 não se compra as mesmas coisas com R$ 1000 que se comprava em 2011.
Mesmo deixando o dinheiro em um banco, na caderneta de poupança, ele pode não estar protegido da inflação. Foi o que aconteceu em 2020 e deve acontecer em 2021, segundo a professora.
-->O rendimento da poupança é igual à Taxa Referencial somada a 70% da Selic, taxa básico de juros da economia brasileira. Caso a Selic esteja acima de 8,5% ao ano, a poupança rende 6,17% somada a TR.
Com a Selic em 2% ao ano atualmente e a TR zerada, a poupança está rendendo cerca de 1,4% ao ano. A expectativa de inflação para 2021 é de 3,34%, segundo último relatório do boletim Focus. Sendo assim, a poupança está rendendo abaixo da inflação, causando na prática a perda do poder de compra do cidadão.
Por outro lado, o ato de investir o dinheiro tem o objetivo de preservar os valores e obter ganhos reais. Ao fazer o “dinheiro trabalhar para você” é possível ganhar rendimentos acima da inflação.
Nota-se que há possibilidade de perder dinheiro em investimentos, mas existem opções de baixo risco como a poupança. São os investimentos de renda fixa. Além disso, há os investimentos da renda variável, que oferecem mais risco, mas também maiores rentabilidades.
Tenha um objetivo antes de investir
Como visto, na análise entre poupar ou investir, o investimento traz mais vantagens ao trabalhador. Em relação a segurança das aplicações, há investimentos seguros, de risco muito baixo, assim como ocorre com a poupança. Mas que oferecem rendimentos maiores.
Para quem está começando a investir, vale procurar aplicações da renda fixa. Que tem opções de aplicação parecidas com a lógica da poupança, mas que oferecem mais vantagens.
Para escolher o título em que investir é necessário levar em conta qual seu objetivo. Para montar uma reserva de emergência, por exemplo, é preciso optar por um investimento de alta liquidez, para que seja possível retirar o dinheiro assim que for necessário. A saber, reserva de emergência é aquele dinheiro guardado para usar em imprevistos, como perder um emprego ou em caso de quebra de um eletrodoméstico.
Já para investimento de longo prazo, é válido escolher papéis atrelados à inflação. Sendo assim, não há um título ideal para todos, mas sim aquele que mais se adequa a suas metas.
Renda fixa em 2021 vale a pena?
Berenguer salienta que, com os juros baixos na situação atual, os investimentos de renda fixa também apresentam rendimentos baixos. Mas ainda assim, são maiores do que a poupança. A Selic está em seu menor patamar histórico, e mesmo com as estimativas de aumento da taxa, os rendimentos não devem ficar em níveis elevados.
Pode-se escolher papéis para investir no Tesouro Direto, que se trata de um programa do Tesouro Nacional, destinado à venda de títulos públicos para pessoas físicas. Entre as modalidades de títulos, há o Tesouro Selic, que tem rentabilidade ligada à taxa Selic. Além do Tesouro IPCA+, em que o investidor recebe a variação da inflação, somada a uma porcentagem fixa. E também os prefixados, em que há uma taxa fixa de rendimento.
Ademais, podemos citar também os CDBs, sigla para Certificado de Depósito Bancário. Os quais são emitidos por bancos e assegurados pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), para aplicações de até R$ 250 mil.
É possível investir com R$ 10, R$ 20 ou R$ 30
Pessoas de baixa renda, que comprometem quase todo o salário com as contas e necessidades do mês também podem investir. Ao conseguir guardar R$ 10, R$ 20 ou R$ 30 por mês é possível destinar a aplicações.
A professora explica que nesse caso, esse grupo deve optar por investimentos em renda fixa, por darem uma maior segurança. Afinal, o dinheiro fará “falta” caso seja perdido ao aplicar em ações, por exemplo. Nesse sentido, as modalidades do Tesouro Direto oferecem títulos a partir de R$ 30.
Uma alternativa é começar a montar uma reserva de emergência. Mesmo sem a possibilidade de chegar aos três ou seis meses de despesas normalmente indicados, o montante a que se chegar será útil para momentos de imprevistos.
Educação financeira ainda é um desafio
Berenguer afirma que a educação financeira ainda é um grande desafio no país. Ter noções de finanças é importante para lidar com o próprio dinheiro. É possível buscar por conteúdos na internet. Autarquias como Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) e B3 oferecem cursos e conteúdos gratuitos sobre investimentos. Além disso, há profissionais do setor que produzem conteúdos nas redes sociais.
Renda variável é atrativo em 2021
Por fim, Renata Berenguer lembra que com o baixo rendimento da renda fixa, as aplicações na renda variável podem ser um atrativo para alguns investidores. Em 2020, o número de pessoas físicas cadastradas na bolsa de valores cresceu significativamente.
Desse modo, quem já tem aplicações na renda fixa, pode optar por destinar parte do dinheiro na renda variável. Ao passo que as escolhas devem ser feitas após estudo sobre os ativos desejados. Renata recomenda aplicar um dinheiro extra ou que não fará falta ao investidor iniciante. Bem como, não investir em recomendações dadas por terceiros sem pesquisar antes.