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Primeiro Mundo quer a vacina, adesão dispara na Europa

A Israeli healthcare worker vaccinates a woman against the COVID-19 coronavirus at Clalit Health Services, in the coastal city of Tel Aviv, on January 3, 2021. - Israel said two million people will have received a two-dose COVID-19 vaccination by the end of January, since the start on December 19, of an aggressive push to administer the vaccine made by US-German pharma alliance Pfizer-BioNTech. (Photo by JACK GUEZ / AFP)

BRUXELAS, BÉLGICA (FOLHAPRESS) – A porcentagem de pessoas que querem se vacinar contra a Covid-19 cresceu até 20 pontos em dois meses nos principais países europeus, segundo pesquisa divulgada nesta sexta (22) pelo instituto britânico YouGov.

 

Ao mesmo tempo em que aumenta o interesse em se vacinar, porém, faltam doses de vacina no continente, o que já leva alguns governos a ameaçar processar os fabricantes.

A adesão à vacina cresceu nos oito países pesquisados pelo YouGov ao longo do tempo. Os maiores saltos foram na Suécia (21 pontos em dois meses) e no Reino Unido (20 pontos desde novembro). Nesses dois países, os que querem se imunizar ou já receberam a vacina são 66% e 81%, respectivamente.

A menor taxa continua sendo a da França: menos da metade (46%) se dizem propensos a tomar o imunizante. Os franceses são agora a única população em que os interessados na vacina não são a maioria (em novembro, as taxas também eram minoritárias entre alemães e suecos).

Embora muito abaixo da dos vizinhos, a porcentagem de adesão atual na França é a maior já registrada desde novembro e quase o dobro da de meados de dezembro, quando havia descido para apenas 24%.

Dentre os europeus, o Reino Unido é o país mais avançado na vacinação: a inoculação começou cerca de um mês antes que os vizinhos e os britânicos já imunizaram 8% de sua população, o triplo da taxa da Espanha e o quádruplo da taxa alemã.

O governo britânico também já deu aval para o uso de três imunizantes – Oxford/AstraZeneca, Pfizer/BioNTech e Moderna -, enquanto a União Europeia aprovou apenas as duas últimas, que têm uma logística de armazenamento e distribuição mais complexa e mais cara. A expectativa é que a EMA (agência regulatória da UE) aprove o produto da Oxford na próxima semana.

Além de ter começado mais tarde e ter aprovado menos produtos até agora, a União Europeia tem sofrido atrasos por falta de imunizantes. Nesta semana, a vacinação chegou a ser interrompida em regiões da Alemanha, da Itália e da Espanha, depois que a Pfizer reduziu sua produção – de acordo com a empresa, o corte é temporário e tem como objetivo aumentar a capacidade de produção.

Na Itália, a média diária de injeções passou de 80 mil para 28 mil, e, nas regiões mais afetadas, os números caíram até 60%. O governo italiano diz ter sido informado pela Pfizer que deve haver redução também na próxima semana, de cerca de 20% e, em resposta, ameaça processar a fabricante.

A Polônia recebeu apenas metade das doses e fala em ir à Justiça contra o laboratório, por quebra no contrato de fornecimento, se o fluxo não voltar ao normal em fevereiro. Já a Hungria aprovou em caráter emergencial a vacina Sputnik V, produzida pela Rússia, e cogita aprovar também produtos fornecidos pela China, ainda que eles não tenham o aval da UE.

A escassez prejudica até mesmo países que fabricam as vacinas, como a Alemanha, onde fica a sede da BioNTech. No estado mais populoso, a Renânia do Norte-Vestfália, as injeções foram suspensas nesta semana em hospitais e asilos e centros de vacinação de idosos ficarão fechados até fevereiro.

Acesso fácil e seguro aos imunizantes é uma das principais medidas para evitar a resistência da população às vacinas, segundo cientistas do comportamento que se dedicam a melhorar políticas de saúde pública.

 

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