A autorização da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a liberação das vacinas do Instituto Butantan, a CoronaVac, e da Fiocruz, em parceria com a AstraZeneca, deu início à campanha de vacinação no Brasil neste domingo (17). Por mais que seja de suma importância que a maioria da população tome a vacina contra a Covid-19 para termos um grande número de imunizados e voltarmos à vida normal, ainda há uma parcela da população que deve esperar mais estudos serem realizados. Confira quem são esses grupos.
No entanto, é necessário ressaltar que casos particulares ou que podem gerar dúvidas sobre se alguma condição de saúde vai ou não atrapalhar a imunização, o ideal é procurar um profissional de saúde. Assim, cada caso pode ser avaliado com cuidado.
Gestantes e puérperas podem tomar vacina contra Covid-19?
As vacinas contra covid-19 aprovadas no Brasil não foram testadas em gestantes ou em mulheres que haviam acabado de dar à luz. Portanto, não há dados consolidados até agora sobre a segurança e eficácia dos imunizantes nelas. A recomendação é que as grávidas não tomem a vacina neste primeiro momento. Em coletiva de imprensa realizada na terça-feira passada (12/01), o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, anunciou que as grávidas, que estão no terceiro trimestre, crianças e jovens serão incluídos nos estudos para avaliar a eficácia da vacina contra a covid-19.
Crianças e adolescentes
Como as vacinas foram testadas apenas em adultos, ainda não se sabe qual o efeito do imunizante em crianças. Em entrevista à Revista Crescer, o pediatra Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirmou: “Como não há dados, as vacinas não são recomendadas para crianças e adolescentes”. O Instituto Butantan, por exemplo, realizou testes apenas em maiores de 18 anos, mas, na China, crianças e adolescentes entre 3 e 17 anos começarão a participar dos testes em breve, de acordo com nota divulgada pela Sinovac.
Pessoas em tratamento de câncer tomar a vacina contra a Covid-19?
Pessoas em tratamento de radioterapia ou quimioterapia para qualquer tipo de câncer não devem se vacinar. Essas são doenças que estão ativas no corpo, e que o tratamento debilita o sistema imunológico, então essas pessoas não devem tomar nenhuma vacina, independentemente se for para a Covid-19 ou não.
Pessoas que receberam transplantes
Pessoas transplantadas também não devem ser vacinadas, porque após o procedimento tomam imunossupressores, isto é, medicamentos que alteram o sistema de defesa do corpo humano.
José Cerbino Neto, infectologista da Fiocruz, em entrevista ao Fantástico, afirmou que essas pessoas podem se vacinar. O médico ainda explica que essas comorbidades estão previstas inclusive entre os grupos prioritários, ou seja, que devem ser os primeiros da fila a tomarem a vacina.
Pessoas alérgicas devem tomar a vacina da Covid-19?
Pessoas alérgicas podem tomar qualquer vacina, inclusive as que estão sendo aprovadas agora. Ana Karolina Barreto Marinho, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai) relata que, até mesmo a vacina da Pfizer/BioNTech, em que já houveram casos de reações alérgicas, apenas em casos específicos alérgicos não devem se vacinar. As únicas pessoas que não podem tomar a vacina são pessoas que têm alergia a um componente específico da vacina que irá tomar.
Quem já teve Covid precisa se vacinar?
Ésper Kallás, infectologista da USP, em entrevista ao Drauzio Varella explica que pessoas que já tiveram o vírus devem se vacinar. A defesa que a vacina da Covid-19 provoca no corpo aparenta ter mais potência e uma qualidade diferente do que a infecção natural. Então as vacinações não devem excluir quem teve Covid antes. A vacina da Pfizer, já em aplicação nos EUA e no Reino Unido, por exemplo, é recomendada a quem já teve a doença, já que não é de conhecimento geral a durabilidade da proteção natural de uma pessoa que já teve a doença.
Quantas e quais vacinas já temos no Brasil?
A Anvisa autorizou o uso de vacinas as quais houve pedido formal de uso emergencial: a CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a Oxford-AstraZeneca, cujo pedido foi feito pela Fiocruz.
Até o presente momento, 4,6 milhões de doses da CoronaVac foram distribuídas aos Estados brasileiros, enquanto São Paulo ficou com 1,3 milhão de doses. Com isso, diversos Estados começaram a aplicar as primeiras doses em trabalhadores da saúde e grupos prioritários entre segunda e terça-feira. No entanto, as doses da vacina da AstraZeneca fabricadas na Índia ainda não estão em solo brasileiro. O ministro Eduardo Pazuello afirmou que estão em curso negociações diplomáticas e que espera que as vacinas contra a Covid-19 cheguem ainda nesta semana.
Fonte: CDI
Informação de imagem: Ainda há uma parcela da população que deve esperar mais estudos serem realizados para saber se devem ou não tomar a vacina contra Covid-19 (Foto: Agência Brasil)