Karol Conká está sofrendo um cancelamento inédito na história do Big Brother Brasil. Muito criticada nas redes sociais por seu comportamento no confinamento com os participantes Lucas Penteado e Juliette Freire, a cantora está perdendo trabalhos, além de fãs. Ela teve seu show virtual no Festival Rec-Beat cancelado, a transmissão do programa Prazer, Feminino no GNT suspensa e o contrato com a Avon encerrado.
A coluna conversou com a historiadora antirrascista Carol Sodré para entender que parte do julgamento do público está enraizado no racismo e o quanto as críticas são fundamentadas. “O racismo sempre atravessa tudo. Porém, no caso da Karol, algumas falas realmente são indefensáveis. O que eu vejo ali é uma pessoa que não consegue ter um filtro social e acha válido falar o que pensa sem calcular as consequências, inclusive para ela”, comenta ela.
Racismo estrutural
Mas mesmo antes dos atos de Karol se tornarem violência psicológica contra Lucas e Juliette, as atitudes da cantora, assim como a de Lumena Aleluia, já estavam sendo vistas pelo público como agressivas. “Enxergar o homem e a mulher negros como agressivos é estrutural. É uma das facetas do racismo na nossa sociedade, que desde a escravidão, animaliza e selvageriza corpos negros”, explica Carol.
“Se criou um esteriótipo de que corpos negros não eram socialmente aceitáveis, e, sendo assim, eram naturalmente violentos. Por outro lado, os corpos negros escravizados perceberam a violência como um importante aliado de resistência contra a escravidão. Essa questão é complexa, mas basicamente reforça o fato de vermos corpos negros como descartáveis”, completa a historiadora.