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Butantan e Serrana lançam projeto para imunizar cidade paulista

© Rovena Rosa/Agência Brasil

O Instituto Butantan e a prefeitura da cidade de Serrana lançaram oficialmente hoje (12) o Projeto S, um ensaio clínico que será realizado na população adulta do município para avaliar a efetividade da CoronaVac, a vacina produzida pelo laboratório Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.

A ideia é vacinar os 30 mil moradores da cidade elegíveis para tomar a vacina e assim analisar qual é a capacidade do imunizante de modificar o curso da epidemia. A imunização terá início no dia 17 de fevereiro. O cadastro complementar da população começou a ser realizado ontem (11) e vai até o dia 16 de fevereiro.

A estimativa é a de que em 13 semanas já seja possível obter as respostas necessárias para conhecer os efeitos da imunização em massa. O que se quer analisar com o Projeto S é se a vacinação em massa pode de fato diminuir a transmissão do vírus, controlando assim a infecção. Entretanto, o diretor-presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, explicou que pode ser que isso não ocorra, havendo apenas a proteção com relação à gravidade das manifestações clínicas e as internações, e que o vírus continue circulando e infectando as pessoas.

“Esses dois tipos de respostas são possíveis e isso vai determinar as estratégias futuras, as estratégias vacinais que teremos que desenvolver para os próximos anos. Se a vacinação controlar o vírus, levar à diminuição da existência do próprio vírus na comunidade é um tipo de resposta. Se o vírus vai continuar circulando, embora haja proteção contra a doença, é outro tipo de resposta que vai exigir novo tipo de planejamento”, explicou.

Dimas Covas ressaltou que as variantes do novo coronavírus são uma preocupação das autoridades médicas e especialmente a variante brasileira que surgiu no Amazonas, que pode trazer problemas para algumas vacinas baseadas na proteína S (AstraZeneca , Sputnik V, Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson). “A vacina do Butantan é diferente porque é baseada no vírus inteiro inativado, quebrado aos pedaços e são esses pedaços que formam a vacina. Quando o indivíduo recebe, ele produz uma resposta imunológica ampla contra vários pedaços do vírus. Portanto, a chances dessa vacina ter problemas com essas variantes é menor. Já estamos fazendo o monitoramento dessas variantes”, explicou.

Planejamento

Para facilitar a vacinação em massa, a cidade foi divida em 25 partes, que depois formaram quatro regiões, separadas por cores. A vacinação será feita de quarta-feira a domingo de acordo com o cronograma de cada cor. Para a primeira dose, serão imunizados os moradores da Região Verde (17 a 20 de fevereiro); em seguida serão os residentes da Região Amarela (24 a 27 de fevereiro), da Região Cinza (3 a 6 de março) e da Região Azul (10 a 13 de março). Segundo a prefeitura, os moradores só podem tomar a vacina no período correspondente à cor de sua região, por conta da metodologia da pesquisa

Os postos de vacinação serão montados em oito escolas, de acordo com as áreas determinadas para o estudo para a aplicação das doses. São elas: E.E Jardim das Rosas, E.E Neusa Maria do Bem. EMEF Dilce Jorge G.N. França, EMEF Edésio M. de Oliveira, EMEF Paulo Sérgio Betarello, EMEF Maria Celina W. de Assis E.E Dep. José Costa, EMEF Jardim Dom Pedro I.

Para facilitar o monitoramento e a interação dos moradores voluntários com os pesquisadores, foi lançado um assistente virtual que poderá ser contatado pelos habitantes do município por meio do WhatsApp pelo número (11) 4953-8330. Batizado de Tainá, o assistente responderá todas as perguntas e dúvidas que surgirem depois da vacinação e em caso de necessidade, o cidadão receberá atenção especial das equipes de saúde.

A cidade de Serrana foi escolhida para participar do projeto por reunir elementos que fizeram do município o ideal para o projeto. “É uma cidade relativamente pequena, tinha uma grande porcentagem de caso ativos (5%, de acordo com inquérito sorológico feito em abril do ano passado) e tem mais de 10 mil moradores que viajam todos os dias, circulação que propicia a proliferação de doenças infectocontagiosas”, disse diretor-geral do Hospital Estadual Serrana, Marcos Borges. Além disso, ele destacou a parceria com a cidade de Ribeirão Preto, contando com o suporte de hospitais e universidades.

O estudo foi desenvolvido pelo Instituto Butantan, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e é realizado em parceria com a Secretaria de Saúde e a Prefeitura Municipal de Serrana. O estudo está registrado na base de dados internacional ClinicalTrials.gov. A participação é voluntária e os dados dos cidadãos que tomarem a vacina são sigilosos.

Edição: Denise Griesinger

Fonte: Flávia Albuquerque – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
Crédito de imagem: © Rovena Rosa/Agência Brasil

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