Seis testemunhas foram ouvidas hoje (22) no primeiro dia de julgamento de dois réus acusados de participação nas chacinas de Osasco e Barueri. Estão sendo julgados o ex-policial militar Victor Cristilder dos Santos e o guarda-civil municipal Sérgio Manhanhã, que já foram condenados no primeiro julgamento do caso, mas que recorreram e solicitaram novo júri.
Tanto acusação quanto defesa solicitaram ouvir em depoimento 40 testemunhas do caso. A acusação, feita pelo Ministério Público e pela Defensoria Pública, encaminhou uma lista de 20 testemunhas ao júri popular, enquanto a defesa requisitou 16. Além disso, tanto acusação quanto defesa pediram a presença de quatro testemunhas comuns. No primeiro dia de julgamento, porém, acusação e defesa abriram mão do depoimento de 16 testemunhas. Portanto, ao todo, serão ouvidas 24 pessoas.
Entre as seis testemunhas ouvidas hoje estão dois delegados, dois sobreviventes da chacina, o filho de uma vítima e um capitão da Polícia Militar. Amanhã (23), a partir das 10h, o júri continua com os depoimentos das demais testemunhas do caso.
O julgamento
Sete jurados vão decidir se os dois réus são culpados da acusação de participar das 17 mortes ocorridas no dia 13 de agosto de 2015 nas chacinas de Osasco e de Barueri.
O julgamento teve início às 11h de hoje, com o sorteio dos jurados, que vão acompanhar todo o processo: os depoimentos das testemunhas e dos réus e a parte de argumentações da defesa e da acusação. Só então, os jurados vão se reunir para decidir sobre a condenação. A previsão é que o julgamento dure cerca de cinco dias.
Por causa da pandemia do novo coronavírus, o julgamento não terá presença de público. Apesar disso, na manhã de hoje, parentes e amigos das vítimas fizeram uma vigília e levaram faixas com fotos dos mortos nas chacinas à porta do Fórum para clamar por justiça.
A acusação
Segundo o Ministério Público, as 17 mortes teriam sido uma vingança pelo assassinato, dias antes, de um policial militar e de um guarda-civil. De acordo com a acusação, os agentes de segurança se reuniram e decidiram fazer uma chacina para vingar as mortes.
Para a acusação, o policial Cristilder, como é mais conhecido, teria combinado com o guarda municipal o início do horário da chacina por meio de mensagens no celular. Além disso, ele teria dirigido um dos carros usados na chacina e feito disparos com armas de fogo contra as vítimas. Ele foi acusado por oito mortes e também por tentativa de homicídio.
Histórico
Cristilder e Manhanhã foram condenados no primeiro julgamento do caso, mas os advogados recorreram, e três desembargadores do Tribunal de Justiça decidiram por um novo julgamento, que começou hoje. Os acusados continuam presos.
O primeiro julgamento foi desmembrado em duas partes. Em setembro de 2017, os sete sorteados para o júri popular condenaram Fabrício Emmanuel Eleutério e Thiago Barbosa Henklain, além do guarda-civil Sérgio Manhanhã.
Eleutério foi condenado à pena de 255 anos, 7 meses e 10 dias de prisão e Henklain, a 247 anos, 7 meses e 10 dias. Manhanhã foi condenado a 100 anos e 10 meses.
Os dois policiais foram acusados de atirar nas vítimas e respondiam por todas as mortes e tentativas de assassinato. O guarda-civil, segundo a acusação, atuou para desviar viaturas dos locais onde os crimes ocorreriam e foi denunciado por 11 mortes.
Na segunda parte do julgamento, ocorrida em março de 2018, Cristilder foi acusado por oito mortes e também por tentativa de homicídio. O tribunal do júri condenou o ex-policial a 119 anos, 4 meses e 4 dias em reclusão em regime inicialmente fechado.
Edição: Nádia Franco
Fonte: Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil – São Paulo
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