Pela quinta semana consecutiva, o município do Rio de Janeiro tem seis regiões administrativas em risco alto, ou seja, na cor laranja. Boletim Epidemiológico divulgado nesta sexta-feira (19) pela prefeitura informa que Copacabana, Lagoa e Rocinha, na zona sul, Tijuca e Vila Isabel, na zona norte, e Barra da Tijuca, na zona oeste, estão em nível elevado.
A edição anterior do boletim destacava que toda a cidade estava em situação de alto risco para covid-19 havia quatro semanas seguidas. Na edição de hoje, verifica-se recuo no número das regiões administrativas em laranja e a passagem de 27 áreas para risco moderado, na cor amarela. Apesar da mudança, a prefeitura manteve as restrições com avaliação de risco elevado por causa do surgimento de variantes do novo coronavírus na capital.
“Se não tivesse essa história de nova cepa, hoje a gente estaria afrouxando as restrições de boa parte da cidade”, disse o prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante a apresentação da sétima edição do boletim.
Paes destacou que as seis regiões em laranja estão na área da cidade em que, supostamente, vive a população de maior poder aquisitivo e considerou inadmissível que as condições sejam piores onde há pessoas que não precisam enfrentar transporte público lotado para ir trabalhar e podem fazer home office, sem correr maiores riscos ao sair de casa.
Ele negou que haja preconceito com as pessoas das áreas mais nobres, mas lembrou que elas pegam menos ônibus e não têm que andar no BRT (sistema de transporte rodoviário rápido), que costuma ficar lotado. “Já para o cara que tem trabalho mais físico, não dá para ficar na casa dele, em Guaratiba, pelo zoom falando com o patrão. Ele vai ter que se deslocar para o trabalho.”
O prefeito afirmou que a fiscalização permanece intensa em todas as áreas da cidade. “Vamos agir com muito rigor. Fizemos muitas fiscalizações ao longo deste carnaval, e foi ridículo o que vimos nas festas clandestinas, com pessoas passando de uma casa para outra.”
Lockdown
Paes reiterou que não pretende adotar lockdown (bloqueio), mas disse que isso pode mudar se a situação se agravar, e as autoridades sanitárias sugerirem mais restrições, caso aumente o número de casos decorrentes das aglomerações do carnaval e também da evolução da nova cepa na cidade.
“Identificando que a nova cepa provoca mais riscos, podemos tomar mais medidas restritivas, sim, mas acho que o saldo para a cidade como um todo, até difícil de imaginar, é positivo. Queriam que se decretasse lockdown desde 1º de janeiro, e está aí. Fila zerada, diminuição de óbitos, diminuição de taxa de letalidade, melhor cenário já visto desde janeiro, mas não vamos afrouxar em razão dessa nova cepa, dessas possibilidades que tem aí. Vamos aguardar e ver os próximos números”, ressaltou.
Se as aglomerações continuarem nas áreas que hoje estão em alto risco, elas terão regras diferentes das do resto da cidade. “Se continuar essa onda nas áreas mais nobres da cidade, ali serão impostas medidas mais restritivas a partir da próxima semana. A regra para o restaurante da zona norte vai ser mais flexível do que a que valerá para o restaurante da Barra, do Recreio ou da zona sul. A regra para um bar ou um shopping da zona norte será menos restritiva do que a que vai valer para um shopping na Barra da Tijuca, se é que a gente não vai ter que fechar para que as pessoas tenham que aprender a fórceps”, concluiu.
Variantes
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, disse que os casos das novas variantes do SARS- CoV- 2 registrados na cidade são de moradores do Rio de Janeiro mesmo, o que significa que a nova cepa está circulando na cidade. Segundo Soranz, embora ainda não haja estudos definitivos quanto à capacidade de transmissão e de letalidade dessas cepas, decidiu-se manter as restrições. “Na dúvida, vamos manter as medidas restritivas, e a cidade em risco alto. Se houver qualquer tipo de alteração nos números, se não conseguirmos reduzir os números, principalmente nos bares da zona sul e da Barra, precisaremos aumentar as medidas restritivas.”
O superintendente de Vigilância em Saúde da SMS, Márcio Garcia, informou que três casos de moradores da cidade identificados com a nova cepa são leves e já foram curados. “Os três não tinham histórico de viagem que pudesse explicar uma infecção em outro local. Todos estão curados e estão bem. Não têm nenhuma situação mais grave, nem consequência da infecção. Concluíimos que esses casos foram de transmissão na cidade do Rio de Janeiro.”
Outro caso registrado foi o de um homem transferido de Manaus para ter assistência hospitalar no Rio. Internado no Hospital Federal dos Servidores do Estado, ele não resistiu à doença e morreu na noite de ontem (18). Segundo Garcia, o homem tinha obesidade e hipertensão sistêmica, o que, provavelmente, estava diretamente relacionado ao agravamento do quadro do paciente.
Garcia destacou que a Secretaria de Saúde fortaleceu o rastreamento de contatos por causa da circulação da nova cepa na cidade.
Leitos
De acordo com o prefeito, já foram criados 200 leitos, e há previsão de aumentar os números conforme a demanda. Paes destacou que a prefeitura tem uma rede instalada e que, por isso, não vê necessidade de construir hospital de campanha. “Se for necessário, a gente faz, mas tem uma rede instalada que permite, com mais agilidade, mobilizar os leitos que sejam necessários.”
Edição: Nádia Franco
Fonte: Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
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