Estudantes elogiam modelo digital do Enem

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© Tânia Rêgo/Agência Brasil

Após o fim da aplicação do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital, estudantes elogiaram o novo modelo de prova. Segundo os entrevistados pela Agência Brasil, uma das vantagens é não precisar marcar as respostas em um cartão no final da aplicação. Estudantes relatam também que salas estavam mais vazias hoje (7) do que no primeiro dia de prova, no dia 31.

“Uma coisa que eu gostei bastante foi a segurança de não errar o preenchimento do cartão de resposta. Achei muito boa a experiência de fazer a prova no computador. Me senti mais organizada”, disse a estudante Anna Marya Freitas, 18 anos, que fez a prova no Rio de Janeiro. As marcações das respostas eram feitas na própria tela. A estudante, que pretende cursar direito ou pedagogia, disse, no entanto, que sentiu mais dificuldade neste segundo dia de aplicação. “Estou cansada demais”.

O técnico em informática Franklyn Pinheiro, 28 anos, também aprovou o modelo digital. “Comparando o papel com o digital, eu prefiro o digital porque o papel é muito demorado. Tem que preencher os campos e ainda tem que pintar. Ficou melhor agora, não demora muito, e os campos são preenchidos automaticamente”, disse. Ele pretende usar o Enem para fazer agora um curso superior de ciências da computação.

Este foi o primeiro ano que o Enem foi aplicado no modelo digital, para um número reduzido de alunos. Ao todo, 93 mil candidatos estavam inscritos para fazer as provas. A aplicação seguiu o mesmo modelo da prova impressa. Apesar de ser digital, era preciso ir até o local de prova e os participantes tiveram o mesmo tempo para resolver as questões. No último domingo, foram aplicadas as provas de linguagens, ciências humanas e redação. Hoje, os candidatos fizeram as provas de matemática e ciências da natureza.

Prejuízo da pandemia

Segundo a estudante Leticia Pereira, 19 anos, a prova não estava difícil, mas, o fato de as aulas presenciais terem sido suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus prejudicou o preparo. “Não tive aula na escola, estudei em casa, por meio de aplicativos e de vídeos de pré-vestibulares. Deu para estudar, mas na escola é mil vezes melhor. No ensino presencial a gente tem acesso ao professor, consegue tirar dúvidas. Estudando pela internet, pelo You Tube, a gente não consegue muito. Presencial é bem melhor”, disse.

O número reduzido de participantes foi o que fez Leticia optar pela versão digital, também no Rio de Janeiro. “Por conta da pandemia, eu achei que a digital teria menos aglomeração”, disse a estudante, que quer cursar educação física ou administração. Ela diz que se sentiu mais segura e se surpreendeu com a prova no computador, que achou “muito prática”.

Entrada do candidato Thomas Formiga para o segundo dia de prova do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital, na Pontifícia Universidade Católica-PUC, no Rio de Janeiro.
Entrada do candidato Thomas Formiga para o segundo dia de prova do primeiro Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) digital, na Pontifícia Universidade Católica-PUC, no Rio de Janeiro.

O candidato Thomas Formiga disse que se sentiu mais seguro porque tinha pouco gente na sala – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ausências

A prova, que já tinha menos participantes, registrou também muitas ausências. No primeiro dia de aplicação, cerca de 68% não compareceram às provas.  Hoje, segundo os entrevistados, tinham ainda menos participantes nos locais de prova.

“Tinha pouca gente, me senti melhor em relação à segurança em relação à covid-19. E hoje teve ainda menos gente que no primeiro dia”, disse o estudante Thomas Formiga, 17 anos, que também fez a prova no Rio. Ele pretende cursar música.  

O estudante também elogiou o modelo digital. “Eu fiz o Enem regular em 2019 e, em comparação, eu achei muito melhor o fato que pode marcar uma pergunta para fazer depois, pode voltar, ir para frente e para trás com facilidade. O fato da tela estar na altura do rosto, faz com que não doa o pescoço, como na prova impressa”, diz.

Apesar de ser feita em tela, era preciso levar, como na aplicação impressa, caneta de tinta preta em ambos os dias de aplicação. No primeiro dia, porque a redação era feita à mão. E, no segundo, porque era possível fazer os cálculos em uma folha rascunho. A possibilidade de escrever as contas feitas também foi elogiada por participantes. Era possível escrever na tela, com o mouse, mas escrever à mão era mais confortável.

“Tinha a questão na sua frente, na tela, e o papel de rascunho na mesa. Foi muito mais fácil resolver as questões. Olha a questão e resolve no rascunho, muito mais rápido e fluido”, diz Formiga. “Definitivamente escrever na folha de rascunho é muito importante. Escrever na tela não é muito prático”.

As notas do Enem poderão ser usadas para ingressar no ensino superior e para participar de programas como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (ProUni), e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). As provas do Enem digital estão disponíveis para download no site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).  Os gabaritos oficiais serão divulgados no dia 10.

Edição: Fábio Massalli

Fonte: Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro
Crédito de imagem: © Tânia Rêgo/Agência Brasil