Quem produz arroz na região Sul tem sofrido com o clima, já que geadas e excesso de chuvas têm prejudicado as lavouras na região, fazendo com que a produtividade e qualidade dos grãos fique comprometida, de acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná, o Deral.
O produtor Cristiano Daneti produz feijão em Vicente Dutra, no Rio Grande do Sul e viu sua primeira safra sair prejudicada justamente por causa do clima, tanto pela estiagem como pela geada. “Fomos colher e acabou virando em torno de 10 a 12 sacas por hectare de feijão. Uma perda muito grande de 80%, ocasionada pela seca e um pouco da geada no início do ciclo”.
João Gomes também planta feijão na mesma cidade e lamenta o fato de ter perdido quase toda a produção. “Na primeira safra, tivemos uma perda de 70%, com a estiagem e geada. Na safrinha, a gente pretende plantar só um pouco para fazer a semente nova”, contou.
O gerente de planejamento da Emater-RS, Rogério Mazzardo, explica que o clima prejudicou produtores de várias cidades. “Tivemos regiões que tiveram perdas acentuadas que variam de 50% até 70% do seu potencial produtivo. A produtividade tem variado de 1.200 a 1.800 quilos por hectare. A primeira safra de feijão, estimamos uma área em torno 37,363 mil hectares distribuídos em todo o estado do Rio Grande do Sul.”
Paraná
Do Rio Grande do Sul, nós vamos até o município de Mangueirinha, no sudoeste do Paraná. Por lá, os produtores de feijão-preto amargam prejuízos com o excesso de chuvas e a colheita está atrasada.
“A expectativa era de colher de 40 a 60 sacas de feijão por hectare. Uma produção muito boa para nossa região, mas o tempo não colaborou. Tivemos praticamente 90% do feijão perdido”, disse o produtor Douglas Reginatto.
Prudentópolis, também no Paraná, é conhecida como a capital nacional do feijão-preto. Por lá, os grãos estão germinando na lavoura e perdendo qualidade. “Estamos em uma área que apresenta em torno de 80% de quebra na sua produção, levando em consideração, principalmente, a qualidade do grão”, explicou o engenheiro agrônomo da Cooperativa Agrícola Mista de Prudentópolis, Luiz Henrique Servat.
O feijão da safra das águas é o primeiro grão a ser colhido na safra de verão no Paraná. Este ano, a produção deve reduzir 10% em relação ao ano passado. “A estimativa é uma área em torno de 151 mil hectares e um volume total estimado de 284 mil toneladas. Até este momento, 62% da área total foi colhida”, falou o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador.
Santa Catarina
Em Santa Catarina, segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural do Estado (Epagri), 42% das áreas cultivadas com o feijão da primeira safra já foram colhidas. Em uma lavoura de Major Vieira (SC), por exemplo, a perda foi total por causa do excesso de umidade, já que na região choveu 250 milímetros em 15 dias.
“A primeira safra de feijão foi comprometida desde o seu início, quando a estiagem atrapalhou a implantação das lavouras. Muitas áreas ficaram com estandes de plantas menores, isto é, menos plantas por hectare, com certeza vai reduzir a produtividade e a produção”, disse o engenheiro agrônomo e analista de Socioeconomia da Epagri, João Alves.
Para o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão e dos Pulses (Ibrafe), Marcelo Lüders, produtores precisam ficar atentos às oportunidades porque, mesmo durante a colheita, os preços continuam firmes, com potencial de alta pela frente. “O feijão-preto é um feijão que tem os preços acima de R$ 300 , R$ 330 e vai continuar bastante firme porque não tem de onde vir, já que é muito caro vir do Hemisfério Norte. Com pouca oferta na Argentina, tem um céu de brigadeiro para quem conseguir colher e plantar feijão”, finalizou.