O Ministério da Saúde enviou um ofício nesta quinta (18) ao Instituto Butantan em que afirma ter intenção de compra de mais 30 milhões de doses da vacina CoronaVac. As doses se somam às 100 milhões já contratadas pelo governo, que serão entregues até setembro deste ano.
No documento, assinado pelo secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, o ministério afirma que há uma “necessidade em expandir a aquisição de imunizantes” contra a Covid-19. Diz também que a solicitação “considera a continuidade da vacinação em massa da população brasileira, junto com todos os Estados e Municípios”.
Franco também solicitou o cronograma de entrega de doses entre outubro e dezembro de 2021. “Do exposto, solicito que seja encaminhada a este Ministério a intenção dessa Fundação de realizar o referido fornecimento de vacinas, conforme entendimentos verbais em 17 de fevereiro do corrente, assim como o cronograma de entrega do quantitativo proposto de 30 milhões de doses, de outubro a dezembro de 2021”, diz o ofício.
O Butantan disse que recebeu o ofício do Ministério da Saúde e que está avaliando a demanda da pasta.
Atraso nas doses e tensão com Butantan
O anúncio acontece em um momento de tensão entre o governo federal e o Butantan. Ontem, o Ministério da Saúde disse que iria rever a distribuição das doses de vacinas contra a Covid-19 relativas ao mês de fevereiro. Um dos motivos seria o atraso na entrega das doses da CoronaVac.
O ministério disse que recebeu um ofício do Instituto Butantan na tarde de quinta com a informação de que “receberá somente 30% dos imunizantes previstos em contrato para fevereiro, totalizando apenas 2,7 milhões de doses”. A previsão era entregar 11,3 milhões de doses em fevereiro. Destes, 9,3 milhões eram da CoronaVac. Outras 2 milhões de doses são da vacina Oxford/AstraZeneca, importadas da Índia.
Já o Instituto Butantan culpou o “desgaste diplomático” entre o governo federal e a China pelo atraso na entrega, e disse que “o Ministério da Saúde omite a briga com a China”. O Butantan disse ainda que é “inacreditável que o Ministério da Saúde queira atribuir ao Butantan a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento”.
Além disso, a intenção de compra ocorre semanas após o governador de São Paulo, João Doria, anunciar a negociação de compra de mais 20 milhões de doses da vacina para o estado. Na época, o governo paulista disse que o objetivo da negociação era evitar a falta de vacinas para os brasileiros no estado de São Paulo.
O documento prevê que o governo federal terá exclusividade para comprar todas as vacinas importadas da China ou produzidas no Brasil pela entidade até que todas as 100 milhões de doses compradas pelo governo federal sejam entregues.
Uma das cláusulas estipula que “a Contratante terá o direito de exclusividade na aquisição de doses produzidas ou importadas pela Contratada em todo o território nacional, até que seja realizada a entrega da totalidade do objeto [54 milhões de doses]”.