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BC reduz projeção de crescimento da economia de 3,8% para 3,6%

© Reuters/Rebecca Cook/Direitos reservados

O Banco Central (BC) reduziu a projeção para o crescimento da economia este ano. A estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país – passou de 3,8% para 3,6%. A projeção consta do Relatório de Inflação, publicação trimestral do BC, divulgado hoje (25), e, segundo o órgão, “depende da continuidade do processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira, condição essencial para permitir a recuperação sustentável da economia”.

“Em termos de trajetória, a projeção para o PIB é de recuo moderado ao longo do primeiro semestre, seguido de recuperação relevante nos últimos dois trimestres do ano, decorrente da redução esperada na taxa de letalidade da covid-19 e no número de internações, com o avanço da vacinação”, diz o relatório. Para isso, o BC considera a manutenção do regime fiscal e nova rodada de auxílio emergencial, de aproximadamente R$ 44 bilhões, com pagamentos concentrados no segundo trimestre do ano.

Entre os fatores para a redução da projeção, o BC cita ainda a “elevada a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia, sobretudo no primeiro e segundo trimestres deste ano”, em razão do aumento de casos de covid-19 e de novas medidas de restrição às atividades. “Esse processo de agravamento recente da crise sanitária possivelmente interrompe ou atrasa a recuperação da atividade econômica”, diz o relatório.

Por outro lado, para o BC, uma possível reversão da economia “tende a ser bem menos profunda do que a observada em 2020, e provavelmente seria seguida por rápida recuperação, especialmente no segundo semestre, na medida em que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente”. Em 2020, o PIB fechou o ano com queda de 4,1% em razão dos efeitos da pandemia.

A expectativa do BC é que a vacinação em massa, além de oferecer proteção contra casos mais leves de covid-19, reduzam significativamente o número de casos graves, diminuindo a pressão sobre o sistema hospitalar e permitindo uma reabertura mais rápida da economia. “Considerando os planos de vacinação e a oferta de vacinas existentes até o momento, espera-se que os impactos econômicos sejam mais perceptíveis no segundo semestre, em especial nos serviços presenciais, que têm sido mais fortemente afetados pela pandemia”, diz o relatório.

Inflação

A inflação, calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), deve encerrar 2021 em 5%, no cenário com taxa de juros (Selic) em 4,5% ao ano em 2021 e 5,5% ao ano em 2022 e câmbio partindo de R$ 5,70. No relatório anterior, em dezembro, a projeção era 3,4%. O BC também projeta que a inflação deve ser de 3,5% em 2022 e 2023.

A meta para este ano é de 3,75% de inflação, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é 2,25% e o superior, 5,25%.

Em fevereiro, entretanto, o índice fechou em 5,2% no acumulado de 12 meses, pressionada pelo dólar e pela alta nos preços de alimentos e de combustíveis. No trimestre encerrado em fevereiro, a alta foi de 2,48%, acima da previsão divulgada no Relatório de Inflação anterior, de 1,73%. “A surpresa inflacionária é, em grande medida, explicada pela depreciação do real e pela forte alta dos preços de diversas commodities”, diz o relatório.

Em 2020, a inflação fechou em 4,52%, acima da meta de inflação para o ano, de 4%, mas dentro do intervalo de tolerância, de 2,50% a 5,50%. “Passados os efeitos deflacionários iniciais da pandemia, houve na segunda metade do ano marcante aceleração dos preços, refletindo uma composição de fatores que inclui a depreciação do real, a alta dos preços das commodities, a rápida recuperação da demanda por bens – em parte pelos efeitos do auxílio emergencial – e restrições de oferta e de disponibilidade interna de alguns produtos”.

Mas, segundo o BC, os efeitos desses fatores sobre a inflação, que são predominantemente temporários, têm se mostrado mais persistentes do que o anteriormente esperado.

“Refletindo o aumento nos preços das commodities, o arrefecimento da alta nos preços dos alimentos (3,49% no trimestre, ante 9,05% no trimestre anterior) foi menor que o antecipado. Pelo mesmo motivo, os preços dos combustíveis derivados do petróleo apresentaram significativa elevação (10,42%) e contribuíram para a inflação acima do esperado no período. Entre os demais itens monitorados, destacaram-se também a alta nos preços de planos de saúde (após suspensão dos reajustes em 2020), as transições de bandeira tarifária [de energia] e a variação sazonal atipicamente baixa nas tarifas de ônibus urbano, refletindo suspensão de reajustes em algumas regiões metropolitanas, em cenário em que a pandemia ainda se mostra presente”, diz ainda o relatório.

Com a alta recente da inflação, o Banco Central elevou a taxa básica de juros de 2% para 2,75% ao ano. A instituição também sinalizou que deve promover nova alta na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em maio.

Esse é o principal instrumento usado pelo Banco Central para alcançar a meta de inflação. A elevação da Selic, que serve de referência para as demais taxas de juros no país, ajuda a controlar a inflação, porque a taxa causa reflexos nos preços, já que juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, evitando a demanda aquecida.

Edição: Graça Adjuto

Fonte: Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil – Brasília
Crédito de imagem: © Reuters/Rebecca Cook/Direitos reservados

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