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Expectativas confirmadas: Max Verstappen voa e é pole no Barein

Em termos de equilíbrio, 2021 promete ser a temporada mais equilibrada da Fórmula 1 desde o início da era híbrida, em 2014. E isso você já cansou de ler em todas as análises feitas desde a pré-temporada realizada há duas semanas, também no circuito de Sakhir. E ao menos no primeiro fim de semana de atividades do campeonato deste ano, no GP do Barein, na mesma pista em que os testes foram realizados, as expectativas foram confirmadas. Uma RBR mais forte que a Mercedes, mas que já mostra o tradicional poder de reação. Daí para trás, tudo muito embolado na briga pela terceira força do ano. Outra confirmação: a pole ficou nas mãos do holandês Max Verstappen, a quarta de sua carreira na Fórmula 1, com uma volta espetacular em 1m28s997, 388 milésimos à frente do heptacampeão Lewis Hamilton.

Max Verstappen dominou quase todo o fim de semana de abertura da temporada da Fórmula 1 — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images

A pole de Verstappen foi responsável por algumas marcas importantes. Por exemplo: foi a primeira vez que um carro equipado com o motor Honda largou na frente na primeira corrida da temporada desde o GP dos Estados Unidos de 1991, realizado no dia 10 de março daquele ano nas ruas de Phoenix, quando Ayrton Senna voou com a McLaren-Honda MP4/6 equipada com o motor V12 japonês. 30 anos depois, o holandês da RBR repetiu o feito do brasileiro tricampeão. Outra: a equipe austríaca não tinha um carro na primeira posição do grid no primeiro GP do ano desde o alemão Sebastian Vettel no GP da Austrália de 2013. A última: primeira pole da RBR no Barein desde Vettel em 2012.

E tem sido um fim de semana para a RBR espantar toda a zica acumulada nos últimos anos. Verstappen liderou quase todas as sessões do fim de semana, à exceção da tabela de tempos no Q2, quando, por estratégia, usou os pneus médios para sua melhor volta para poder largar com eles e fazer um primeiro trecho de corrida mais longo. Além do holandês, apenas Hamilton, Valtteri Bottas e Pierre Gasly, da AlphaTauri, vão largar com os médios entre os dez primeiros colocados do grid (daí para trás, a escolha do composto de pneus é livre). Mas ainda mais importante que isso: mostra que o caminho que a equipe austríaca escolheu para desenvolver o RB16B foi acertado. Quando a RBR viu que não iria conseguir muita coisa em 2020, mudou o foco para 2021. A diminuição de pressão aerodinâmica imposta pelo novo regulamento casou com o carro de alto rake idealizado por Adrian Newey, chefe de engenharia do time. Além disso, a inspiração na suspensão traseira adotada pela Mercedes no W11 do ano passado e o novo motor Honda, mais potente e com centro de gravidade mais baixo, funcionaram.

No Barein, Max Verstappen comemora sua quarta pole position da carreira na Fórmula 1 — Foto: Lars Baron/Getty Images

E, claro, tem a cota do talento de Max Verstappen, que não é pequena. A RBR tem sofrido com o segundo piloto há alguns anos – justiça seja feita, em boa parte pela política de fritura empreendida pelo consultor Helmut Marko, que troca mais o dono desse cockpit do que muda de roupa. Mas é fato que o holandês é acima da média, um gênio em potencial. Além disso, nos últimos anos deixou de cometer aqueles erros do excesso de arrojo do noviciado e amadureceu a olhos vistos. Para comparar, é só ver o desempenho do badalado mexicano Sergio Pérez, que chegou neste ano após não ter seu contrato renovado na Racing Point. Mesmo com toda sua experiência e a motivação após a primeira vitória na categoria no GP de Sakhir de 2020, vai largar apenas em 11º e está sofrendo com a adaptação ao RB16B. Verstappen é realmente um ponto fora da curva.

Segundo colocado no grid, Lewis Hamilton não tem o melhor carro da F1 neste início de temporada — Foto: Dan Istitene/F1 via Getty Images

Briga acirrada pela terceira força no Barein

 

A Ferrari de Charles Leclerc mostrou reação nesta classificação após um ano de 2020 para esquecer — Foto: Bryn Lennon/Getty Images

Outra confirmação feste fim de semana foi a briga acirrada entre cinco equipes para ser a terceira força do ano. Depois de um ano bem complicado, após aquela investigação sigilosa da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) que tirou potência de seus motores, a Ferrari voltou a andar bem. O monegasco Charles Leclerc, que quase venceu em Sakhir em 2019, vai largar na quarta posição, quatro postos à frente de seu novo companheiro, o espanhol Carlos Sainz, o oitavo no grid.

Apesar da velocidade da Ferrari, o destaque dessa briga na classificação foi o desempenho do francês Pierre Gasly. O piloto da AlphaTauri sempre esteve entre os cinco primeiros e, fora Verstappen, Hamilton e Bottas, será o único do top 10 a largar com os pneus médios. É a confirmação do talento de Gasly, que foi o piloto que mais evoluiu em 2020, com direito à vitória no GP da Itália, em Monza, e continua a evoluir a olhos vistos no início desta temporada. Olho nele: larga em quinto.

Pierre Gasly larga em quinto com a AlphaTauri: francês segue sendo um dos destaques da F1 — Foto: Clive Mason/F1 via Getty Images

A McLaren também andou muito bem neste fim de semana, apesar de ter ficado um pouco atrás do esperado na classificação. O australiano Daniel Ricciardo larga em sexto, após ser 47 milésimos melhor que o companheiro, o inglês Lando Norris, o sétimo. O espanhol Fernando Alonso, da Alpine, mostrou que voltou em boa forma e marcou o nono tempo, superando com folga o francês Esteban Ocon – apenas o 16º. E o canadense Lance Stroll, com uma ainda cambaleante Aston Martin, assegurou o décimo posto, bem melhor que o companheiro, o tetracampeão Sebastian Vettel. O alemão acabou atrapalhado pela rodada de Nikita Mazepin e por um problema com Carlos Sainz em sua última tentativa, foi eliminado ainda no Q1 e vai largar apenas em 18º.

Daniel Ricciardo ficou apenas 47 milésimos à frente do companheiro Lando Norris na McLaren — Foto: Bryn Lennon/Getty Images

Por Rafael Lopes / GE
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