Com a chegada e permanência da pandemia, a organização das estruturas de saúde para o seu combate foi extremamente desafiada. Em diversos locais, tanto no Brasil quanto em outros países, a inovação contribuiu para detectar os problemas para o enfrentamento à covid-19 e como a tecnologia poderia ajudar a resolvê-los. Um evento virtual da rede BR-UK Tech Network realizado hoje (24) discutiu essas iniciativas no Brasil e no Reino Unido.
O diretor de transformação digital de uma unidade de tecnologia do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido (NHSx), Ian O´Neill, pontuou que o sistema público de saúde do país conseguiu se adaptar em uma série de aspectos.
Ele citou como pontos positivos da reação o trabalho em pequenas equipes; pequenos ciclos de governança, com respostas rápidas e a oferta de muitas soluções e serviços ao governo federal por empresas.
Por outro lado, as demandas intensas da pandemia também trouxeram desafios. O trabalho em pequenas equipes e o grande volume de trabalho para lidar com o avanço do vírus dificultaram ainda mais a coordenação dos esforços. Apesar da disponibilidade de muitas firmas ofertando bens e serviços, houve dificuldade para analisar adequadamente os mais eficazes para as demandas do sistema público britânico de saúde.
O´Neill elencou o que chamou de legados da pandemia, mesmo com ela ainda em andamento. Entre eles as consultas remotas, a criação da base de dados da covid-19, a garantia de conexão à Internet para unidades de saúde e o trabalho remoto.
Jon Hazell, do projeto Innovate UK, apresentou a experiência da Iniciativa de Pesquisa para Pequenos Negócios. O projeto é utilizado por mais de 100 órgãos públicos do Reino Unido. Instituições públicas colocam problemas e empresas pensam em soluções para ele. As melhores respostas são apoiadas para avançar no desenvolvimento do produto ou serviço.
As alternativas mais bem avaliadas recebem recursos para testar as inovações e colocá-las no mercado. Em um destes “desafios”, uma startup (pequenas empresas de tecnologia) desenvolveu uma forma de sanitização de ambulâncias 86% mais rápida e 82% mais barata.
Lucio Jorge Ferreira, membro do Ministério Público de Pernambuco e integrante do MPLabs, trouxe experiência parecida empregada no âmbito do órgão. O MPPE promoveu desafios voltados a startups buscando abrir espaço para a apresentação de soluções.
“Sete foram escolhidos e lançados no mercado. Uma ferramenta era de rastreamento de contatos de pessoas e alertando para riscos de contaminação a partir de geolocalização”, contou Ferreira.
A professora Monica De Bolle, do Observatório CovidBR, mostrou diferentes iniciativas do grupo de especialistas que passou a monitorar a situação da pandemia no Brasil. Com uma equipe multidisciplinar, foram elaborados modelos matemáticos e estatísticos para analisar os dados da pandemia e projetar tendências.
O Observatório firmou parcerias com as prefeituras de São Paulo e Florianópolis para a realização dos projetos. As análises de evolução da pandemia e as projeções de tendências foram enviadas aos gestores locais para auxiliar na análise dos cenários e na definição das melhores políticas públicas. Além disso, o Observatório publicou diversos artigos em periódicos acadêmicos e veículos de mídia discutindo a situação da pandemia no país.
Edição: Aline Leal
Fonte: Jonas Valente – Repórter Agência Brasil – Brasília
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