Último a levantar taça, Wellington relembra conquista da Copa do Brasil e projeta equilíbrio entre Grêmio e Palmeiras

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Em poucos dias, Grêmio e Palmeiras medirão forças para definir o campeão da Copa Continental do Brasil 2020. Com a credencial e experiência de ter sido o último jogador a erguer a taça do torneio nacional, Wellington destacou a grandiosidade da principal competição mata-mata do país e projetou a final entre o Verdão e o Imortal. Capitão do Athletico-PR na campanha do título em 2019, o volante relembrou a trajetória árdua até a glória final.

Em visita à sede da CBF, no Rio de Janeiro, Wellington pôde tocar mais uma vez na taça erguida no dia 18 de setembro de 2019, no Beira-Rio. Novamente próximo do troféu, o volante admitiu que, dentre todas suas conquistas defendendo as cores do Furacão, a Copa do Brasil – título inédito até então para o clube – foi a mais marcante em sua passagem pelo time de Curitiba.

Hoje, como você avalia e relembra a trajetória na Copa do Brasil 2019 contra esses grandes clubes? O que significou para você esse título?

É uma satisfação muito grande participar da final da Copa do Brasil. Estar também relembrando esse percurso tão difícil que é chegar numa final de Copa do Brasil e ainda conquistar o título. Foi uma competição até um pouco engraçada, porque depois que a gente passa do Fortaleza e encontra ‘os grandes’ pela frente, em nenhum momento a gente era favorito, mesmo às vezes jogando melhor, ou tendo resultados positivos na frente. A gente olhava e sempre faltava alguma coisa. Isso dava ainda mais força para a gente, para que pudéssemos ter ainda mais coragem de enfrentar grandes equipes, como Grêmio, Internacional e Flamengo, que foram cotadas como favoritas para ganhar da gente. Com muita humildade e trabalho, conseguimos conquistar esse título”.

Ex-capitão do Athletico Paranaense, Wellington, relembra a conquista da Copa do Brasil de 2019

Ex-capitão do Athletico Paranaense, Wellington, relembra a conquista da Copa do Brasil de 2019
Créditos: Thais Magalhães/CBF

O quanto o torcedor do Furacão foi importante durante essa campanha? Como você sentia o clima ali nos bastidores e também da torcida em busca dessa conquista até então inédita?

A torcida sempre foi um fator muito forte, principalmente dentro da Arena. Sabíamos que mesmo tendo resultados negativos fora, como contra o Grêmio, em que eles fizeram 2 a 0 lá, sabíamos que a Arena estaria cheia e isso ia nos ajudar a chegar na final, que era contra o Inter. Então a gente sabia que era difícil, mas não impossível. A torcida sempre nos apoiou e esteve do nosso lado, mesmo jogando no Maracanã lotado, na Arena do Grêmio, nossa torcida sempre nos acompanhou para incentivar até o fim.

“Pode passar o resto da vida que vai estar lá meu nome marcado como campeão da Copa do Brasil”

Olhando essa taça ao seu lado novamente de perto, o quão importante foi para você, individualmente, a conquista dessa Copa do Brasil?

É sempre importante. Eu sempre falo que o jogador sempre vai passar pelo clube e o clube vai ficar. O que a gente pode deixar no clube é legado, título, marcas importantes, porque isso ninguém pode apagar. Pode passar o resto da vida que vai estar lá meu nome marcado como campeão da Copa do Brasil. Então sempre tive esses pensamentos por onde passei, de passar e deixar minha marca, meu legado como um campeão. Graças a Deus, pelo Athletico-PR, foram dois anos e meio com seis finais e quatro títulos. Então foi um ciclo muito bom para mim, e a Copa do Brasil foi o título mais importante que conquistamos, então fico feliz demais em ter marcado meu nome na história do Furacão.

Athletico Paranaense venceu o Internacional por 1 a 0, em jogo de ida da final da Copa do Brasil de 2019

Athletico Paranaense venceu o Internacional por 1 a 0, em jogo de ida da final da Copa do Brasil de 2019
Créditos: Gabriel Machado/AGIF

Por ser o capitão da equipe, como foi lidar com essa responsabilidade a mais, de focar em seu desempenho, mas ao mesmo tempo ser exemplo dentro e fora de campo?

No clube, sempre há várias lideranças. Então você acaba compartilhando e dividindo responsabilidades ali. Você nunca consegue perder um campeonato sozinho ou ganhar algo sozinho. Então é mérito de todo o elenco, todo o clube. Todo o esquema montado, toda a estrutura para chegar na final. Lembro que em alguns jogos a gente chegava no vestiário e tinha algumas entrevistas de treinadores, de jogadores, com até mesmo alguns torcedores falando: ‘Vamos ganhar, vamos atropelar’. Isso dava uma motivação para que pudéssemos entrar ainda mais focados, entrar ligados mesmo, em cada segundo de jogo, porque era muito importante.

Se por um lado você teve essa responsabilidade a mais por ser capitão, pelo outro, teve o lado bom de, com a conquista do título, levantar a taça. Como foi aquele momento? O que passou pela sua cabeça momentos antes de erguer o troféu?

Ali é uma sensação única (levantar a taça). Eu vivi algo no Internacional que eu jamais achei que iria viver no futebol, que foi minha terceira lesão de joelho, fui pego no doping pelo Inter. Quando acaba o jogo, eu acabo desabafando bastante, chorando muito ali, porque realmente foi algo que não esperava. Voltar ao Beira-Rio e ainda ser campeão levantando a taça como capitão do time. É algo que jamais esquecerei, eu e minha família ficamos muito felizes. Pude dar a volta por cima com muita força de vontade e humildade.

Você foi bastante vitorioso na sua passagem pelo Athletico-PR, mas até por toda a importância de uma Copa do Brasil, você acha que foi esse título que sacramentou de vez a identificação do torcedor com você e também seu carinho pelo Furacão?

O Athletico-PR sempre foi muito grande, impondo respeito em questão de estrutura, de organização para o todo o Brasil e fora dele também. Faltavam aqueles títulos grandes dentro do Brasil para ser respeitado também dentro de campo. A gente já tinha sido campeão brasileiro em 2001, só que faltava, porque tinha muito tempo que não ganhava nada importante. Todos nós ali do elenco sabíamos que essa responsabilidade era nossa, de levar o Athletico-PR a outro patamar, ser grande em todos os sentidos. Graças a Deus deu tudo certo, conseguimos ganhar a Sul-Americana em 2018, ganhamos a Copa do Brasil, brigamos de igual para igual com qualquer time, equipes que tinham folhas salariais altíssimas. Isso mostrou a força que hoje o Athletico-PR vem tendo, tem sido respeitado por todos muito pelo o que foi feito em 2019.

Ex-capitão do Athletico Paranaense, Wellington, relembra a conquista da Copa do Brasil de 2019

Wellington ao lado do filho, Lucca
Créditos: Thais Magalhães/CBF

Como você enxerga essa final entre Grêmio e Palmeiras? Qual sua projeção para esse duelo?

Vejo um grande duelo (na final deste ano), são duas grandes equipes. O Palmeiras está muito bem, com um belo investimento, muitas peças, jogadores de Seleção Brasileira. Mas também vejo o Grêmio muito forte, porque tem jogadores e tem uma base, também tem um baita treinador que sabe como lidar nesse tipo de situação, de final, de mata-mata. Acho que vai ser um grande jogo, e que vença o melhor.

Se você pudesse dar um conselho aos capitães de Grêmio e Palmeiras, como último capitão a erguer a taça da Copa do Brasil, qual seria? Como se portar e o que fazer nessa semana que antecede a decisão?

Acredito muito que tudo está na mente, então a força mental é essencial em grandes momentos, em grandes decisões. Meu conselho seria estar bem focado, entrar tranquilo e estar mentalmente forte, porque em um jogo de 90 minutos pode acontecer de tudo. Às vezes você pode tomar um gol com dois minutos, com dez, 15. Mas se a força mental do capitão, do grupo, estiver bem, a equipe vai ser capaz de reverter e dar a volta por cima”.

Final da Copa do Brasil - Internacional x Athletico Paranaense no Beira-Rio

Wellington se emociona após o título da Copa do Brasil 2019.
Créditos: Lucas Figueiredo/CBF

Fonte: CBF
Crédito de imagem: Créditos: Thais Magalhães/CBF