Milho: percevejo barriga-verde causa prejuízo de até 25 sacas/hectare em MT

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Por Pedro Silvestre, de Jaciara (MT)

Uma infestação de percevejo barriga-verde está causando danos em lavouras de milho, em Mato Grosso. Preocupados, alguns produtores dobraram as aplicações de inseticidas. Se não for controlada, a praga pode diminuir em 50% a produtividade.

Os 1.200 hectares de milho recém-germinados da fazenda do produtor Jorge Piccinin Filho, em Jaciara, foram alvo do inseto. Em alguns talhões, os danos ultrapassam 15 sacas por hectare.

“Desde o ano passado, a gente não esperava uma pressão tão forte no milho com o percevejo barriga-verde. Por não estarmos preparados, tivemos muitas perdas, praticamente em todas áreas, de até 25 sacas”, conta Piccinin Filho.

O agricultor Albino Galvan Neto plantou 2.900 hectares de milho nesta segunda safra. No ano passado, ele fez duas aplicações de defensivos agrícolas contra os percevejos. Neste ano, foram necessárias cinco doses.

“Aí vem a desconfiança: será que os princípios ativos estão eficientes contra a praga? Será que as doses de bula são eficazes? Um ano chuvoso desses, será que talvez o princípio ativo se perdeu tão rápido?”, questiona.

O diretor administrativo da Aprosoja-MT, Zilto Donadello, afirma que os produtores estão realmente preocupados com a qualidade das moléculas.

“O Ministério da Agricultura tem que fazer uma melhor averiguação para ver se de fato o produto que estamos comprando é de qualidade ou não, pois algumas empresas já nos relatam que os produtos delas só funcionam 80%”, diz o dirigente.

O que dizem os pesquisadores sobre o percevejo barriga-verde?

Entomologista da Fundação-MT, Lúcia Vivan afirma que por se tratar de um inseto mais rasteiro, diferente do percevejo marrom, é mais difícil atingi-lo. “O alvo é mais difícil de ser atingido por estar mais na parte inferior da planta ou mesmo sobre o solo, então a quantidade de produto [inseticida] acaba sendo inferior, e isso vai ocasionar uma permanência dessa população”, diz.

Essa praga tem ciclo de vida estimado em 42 dias. O inseto ataca o mio da plantada, onde tem açúcar, insere uma toxina que apodrece e impede a formação da espiga. Lavouras de soja e milho são mais suscetíveis a danos, principalmente nos primeiros 30 dias.

Segundo Lúcia, o bom manejo e aplicações na hora certa podem garantir o extermínio da praga na lavoura. “A gente monitora a população e aplica nos estágios iniciais da cultura do milho, não esperamos ver o dano, porque quando a gente vê o dano quando a folha se expande, já não tem mais como recuperar essa planta”.

 

Canal Rural