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PSL resiste, e Bolsonaro segue sem acordo por novo partido

Sem filiação partidária há mais de um ano, o presidente Jair Bolsonaro ainda não conseguiu um acordo sobre qual legenda irá se filiar para disputar as eleições do próximo ano. A pauta acabou “prejudicada” em razão da pandemia do coronavírus.

Segundo esses aliados, nas últimas semanas, Bolsonaro tem se dedicado à questão sanitária do país, o que fez com a escolha de um partido para disputar as eleições de 2022 ficasse em segundo plano.

Mas nem só por falta de agenda se deve o atraso no anúncio de uma nova sigla. Desde que deu início às negociações para escolher um novo partido, Bolsonaro dizia que bateria o martelo até março deste ano, mas as articulações também enfrentam resistência.

Diante das vias políticas e jurídicas que foram expostas com a anulação das condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito na Operação Lava Jato, Bolsonaro passou a intensificar as negociações com o PSL, partido que conta com recursos em caixa, além de tempo de rádio e TV.

O presidente da sigla, Luciano Bivar (PE), ainda hesita em entregar o comando do PSL a Bolsonaro. Em recentes declarações, o mandatário do país afirmou que buscava um partido do qual seria “dono”. A exigência de Bolsonaro é avaliada como peça chave para uma “disputa equilibrada” com Lula.

Uma das principais lideranças do Centrão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou  que o PP tem conversado com o presidente, mas que se Bolsonaro escolhesse o partido, não seria possível alterar o comando dos estados, como é desejo do chefe do Executivo. “Nós não temos como, hoje, trocar o comando dos estados. Isso não existe, mas existe uma identidade muito grande com ele”, declarou.

Nogueira ainda disse que, se fosse apostar, apostaria que Bolsonaro ou iria para um partido pequeno, a exemplo do Patriota e do Partido da Mulher Brasileira, ou para o PSL – ainda que parte do partido esteja indisposta para acolher o presidente de volta.

Em novembro do ano passado, Bolsonaro sinalizou que, caso não conseguisse viabilizar o Aliança pelo Brasil – sigla anunciada em 2019 (leia mais abaixo) –, teria uma “nova opção” até o primeiro trimestre de 2021. “Não é fácil formar um partido hoje em dia. A gente está tentando, mas se não conseguir, a gente, em março, vai ter uma nova opção”, disse o presidente na ocasião.

Das 24 siglas com representação no Congresso, ao menos quatro já convidaram Bolsonaro a integrar seus quadros: PTB, PL, PP e Patriota. As quatro integram o chamado Centrão, bloco de partidos de centro e centro-direita que em 2020 passou a dar sustentação ao governo Bolsonaro na Câmara.

Em fevereiro, Bolsonaro sinalizou que escolheria o Patriota, dizendo que estava “namorando” o partido. Ele, no entanto, não quis cravar a escolha. “Eu estou namorando vários partidos, entre eles o Patriota. Mas eu não posso ir para um partido que eu não tenha autoridade”, afirmou.

Entre aliados do presidente, existe expectativa para que o nome do novo partido seja anunciado ainda em abril. Do outro lado da moeda, no entanto, avaliam que a prioridade do governo no momento é o impasse sobre o Orçamento de 2021 e a determinação do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que o Senado instale uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) com o objetivo de apurar omissões do governo durante a pandemia.

Controle do partido

Ao mesmo tempo em que pesam na escolha o tamanho dos fundos partidário e eleitoral e o tempo de TV, Bolsonaro também quer ter o controle da executiva nacional do futuro partido e de diretórios estaduais estratégicos, como admitiu recentemente. Essa concorrência foi a principal razão que levou Bolsonaro a deixar o PSL.

Os caciques das siglas mais robustas, contudo, resistem em aceitar os termos propostos pelo presidente, o que deixa legendas nanicas como opção. Em comum entre as legendas que cortejam Bolsonaro está o espectro político, essencialmente de direita.

Afora o PSL, que está dividido entre uma ala pró-Bolsonaro e outra mais distante do presidente, os demais partidos têm grande interesse na filiação de Bolsonaro, tanto porque ela garante expressiva chegada de novos filiados e quadros políticos quanto porque o ingresso do mandatário pode fortalecer o partido – tal qual ocorreu com o PSL em 2018.

Aliança pelo Brasil

O chefe do Executivo federal anunciou a intenção de fundar uma agremiação própria – o Aliança pelo Brasil, em novembro de 2019, quando deixou o PSL após divergências com um grupo de parlamentares e o presidente nacional da sigla, o deputado federal Luciano Bivar (PE).

O Aliança, porém, ainda está longe do número mínimo de assinaturas necessárias para registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Até o momento, o partido em formação conseguiu pouco mais de 91 mil apoiamentos válidos. Para obter registro junto à Justiça Eleitoral, são necessárias 492 mil assinaturas.

 

Por Metrópoles

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