Ícone do site Hora 1 MT Notícias

Sem o auxílio, cerca de 61,1 milhões de brasileiros estarão na linha da pobreza

Com a redução do valor do auxílio emergencial em 2021 – benefício destinado a famílias de baixa renda durante a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus –, o Brasil terá 61,1 milhões de pessoas na pobreza e 19,3 milhões na extrema pobreza, estima estudo publicado nesta quinta-feira (22/4) pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da Universidade de São Paulo (Made-USP).

 

Na prática, isso significa 18,1 milhões e 14,3 milhões de brasileiros a mais, respectivamente, na pobreza e na extrema pobreza, em comparação com os números de julho do ano passado, quando o auxílio emergencial de R$ 600 (ou de R$ 1,2 mil, no caso de mãe chefe de família) reduziu a miséria no país. A linha da pobreza no Brasil é de R$ 469 e a da extrema pobreza, R$162.

Hoje, o benefício é destinado a um público menor, de 45,6 milhões de pessoas, e num valor mais baixo, de no máximo R$ 375 mensais por família. A maioria das pessoas, no entanto, irá receber apenas quatro parcelas de R$ 150 cada.

No ano passado, o governo deu o auxílio a quase 68 milhões de brasileiros – ou seja, houve um corte superior a 22 milhões de pessoas (o equivalente a um terço do total) no período.

De acordo com os pesquisadores do Made-USP, dois fatores contribuem, durante a pandemia do novo coronavírus, de forma oposta para mudanças nas taxas de pobreza e extrema pobreza. Por um lado, a queda da renda do trabalho leva a um aumento das taxas; por outro, o auxílio emergencial as reduz.

“Os valores iniciais de AE [auxílio emergencial] não apenas mitigam os efeitos da crise econômica sobre a renda das famílias, mas também permitem que diversas famílias saiam da situação de pobreza e extrema pobreza. Mas, como esperado, sem o AE, muitas famílias são novamente levadas à situação de pobreza e extrema pobreza”, afirmam.

“A diminuição do auxílio aumenta o empobrecimento da população e os hiatos de gênero e raça, principalmente pela maior vulnerabilidade econômica das mulheres negras. Antes da pandemia, a pobreza atingia 33% das mulheres negras, 32% dos homens negros e 15% das mulheres brancas e dos homens brancos. Já o cenário com o AE nos valores de 2021 a leva a, respectivamente, 38%, 36%, 19% e 19%”, prosseguem.

 

Por Metrópoles / Tácio Lorran

 

Sair da versão mobile