Coluna – Antes de Tóquio, seleção de parataekwondo compete no México

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© Ale Cabral/CPB/Direitos Reservados

Nas últimas semanas, a coluna mostrou o cenário de várias modalidades paralímpicas na contagem regressiva para os Jogos de Tóquio (Japão). Na maioria, a ausência de torneios – boa parte deles suspensos ou cancelados devido à pandemia de covid-19 – pode fazer com que equipes de vários países, entre elas o Brasil, cheguem à Paralimpíada sem ritmo de competição. Uma das novidades em Tóquio 2020, o parataekwondo, por enquanto, é uma exceção diante deste panorama.

Segundo Alan Nascimento, técnico da seleção brasileira, há dois torneios em vista antes da ida para Tóquio. O primeiro é o Campeonato Parapan-Americano, a partir do dia 3 de junho, em Cancún (México). Na sequência, a partir do dia 15 de junho, tem o Aberto da Ásia, em Beirute (Líbano). Os atletas do país já classificados para os Jogos estão confirmados na delegação: Silvana Cardoso (até 58 quilos), Nathan Torquato (até 61 kg) e Débora Menezes (acima de 58 kg). Os três integram a classe K44 (atletas com amputação de braço).

“O Parapan é o mais importante deles antes dos Jogos. Terá um protocolo [sanitário] rígido, com no mínimo quatro testes [de covid-19]. O primeiro será 72 horas antes do embarque. Depois, quando chegarmos ao aeroporto, ou ao hotel. Aí, um antes da competição e outro antes de voltarmos ao Brasil. Os participantes deverão ficar todos no mesmo hotel, isolados”, detalhou Nascimento à Agência Brasil.

Do trio que estará em Tóquio, o Parapan terá um peso maior para Nathan Torquato. Quinto colocado no ranking mundial de sua categoria na World Taekwondo – federação internacional da modalidade – ele mira o quarto lugar, atualmente do turco Alican Ozcan.

“Isso [subir para quarto], teoricamente, favorece o Nathan na chave [da Paralimpíada], pois ele só enfrentaria, por exemplo, o segundo do ranking [o turco Mahmut Bozteke] em uma semifinal”, explicou o técnico da seleção brasileira.

Tanto Nathan como Silvana Cardoso se credenciaram à Paralimpíada, com título em suas respectivas categorias, no classificatório continental,  em março do ano passado, na Costa Rica. Já Débora se garantiu em Tóquio ainda em 2019, por ter encerrado a temporada em segundo lugar no ranking mundial do peso em que luta.

“A Débora cairá em uma chave – entre aspas, pois não existe chave fácil – que a favorece mais, podendo encarar a Amy [Truesdale, britânica], que é a primeira do mundo, somente na final. É uma adversária que ela ainda não teve a oportunidade de ganhar. Para a Silvana, [o Parapan] não favorece tanto em termos de ranking [é a décima], mas é importante para ganhar mais rodagem. Dos três, é quem menos rodou o circuito, então o torneio pode trazer ainda mais confiança”, completou Nascimento.

O classificatório das Américas foi a última competição oficial da seleção brasileira de parataekwondo. A pandemia da covid-19 não só interrompeu o calendário de eventos como atrapalhou a preparação dos atletas, que tiveram que adaptar as rotinas para não ficarem para trás.

“A Silvana está morando em Curitiba. Ela estava na Paraíba e morou três meses do ano passado na casa do técnico dela para treinar. Montaram um tatame na garagem dele. A Débora também se mudou para Curitiba. Elas estão treinando com o Rodrigo [Ferla, coordenador da seleção] na academia dele. O Nathan vinha treinando na praia de Santos [no litoral sul paulista]. Quando teve lockdown, ele não pôde mais usar a praia e teve de continuar os treinos no quarto, com ajuda da irmã”, descreveu o técnico Alan Nascimento.

“Nosso planejamento teve de ser modificado umas sete vezes, sem exagero. Tínhamos conseguido agendar duas fases de treino, uma em março, outra em abril. Aí, decretaram lockdown em Curitiba. Será uma Paralimpíada atípica. Se formos pensar, o ciclo serve para o atleta chegar [nos Jogos] no ápice do rendimento. Esse ápice foi no ano passado. O que a gente percebe é que Turquia e Rússia criaram um sistema de treino que parece que não existiu pandemia por lá. Eles não pararam. Mas nas Américas e na Europa a gente sabe que está com defasagem de treino”, emendou o técnico.

O cenário, segundo Nascimento, já impacta o ciclo dos Jogos de Paris (França), em 2024, por ter postergado a montagem da seleção pós-Tóquio. Mesmo assim, ele é otimista com a participação brasileira na estreia do parataekwondo nos Jogos.

“Somos o quarto país com o maior número de classificados. Estamos bem e confiantes. Acredito que temos chance real de conquistar as três medalhas. A Silvana entrou [na seleção] no meio do caminho, mas muito bem, foi campeã em Lima [Peru, nos Jogos Parapan-Americanos de 2019], assim como o Nathan. E a Débora também [tem grande possibilidade de pódio em Tóquio”, concluiu.

Edição: Cláudia Soares Rodrigues

Fonte: Lincoln Chaves – Repórter da TV Brasil e Rádio Nacional – São Paulo
Crédito de imagem: © Ale Cabral/CPB/Direitos Reservados