Ser mãe é uma prova de amor. Ser mãe e jogadora de futebol, então, é uma responsabilidade e tanto, para lá de desafiadora. Na elite do futebol brasileiro, 11 mulheres compartilham a maternidade com a carreira de atleta. Para explicar a paixão que as move, a CBF convidou as mães que disputam o Brasileiro Feminino A-1 para, neste dia tão especial, expressar todo seu amor. Conheça agora a história de Carla, mãe da Ana Beatriz e zagueira do Avaí Kindermann.
A zagueira Carla vivia a euforia da primeira convocação para defender a Seleção Feminina Sub-20. Depois do período de convocação veio a maior surpresa: a gravidez inesperada, aos 18 anos. A chegada de Ana Beatriz representou uma pausa na carreira de atleta, os planos mudaram, a prioridade era a maternidade. Mas eis que o amor pelo futebol reascendeu a chama que vivia dentro de si. Depois de sete anos longe dos gramados, a jogadora do Avaí/Kindermann voltou para a sua segunda vocação: a vida de atleta. Hoje, a torcida é reforçada pela filha, que já é mascote do clube e participa dos treinos, jogos e até das viagens.
“Em cada viagem, ela me dá um ‘filho’ dela para eu levar. Diz que é para sentir o cheiro dela e não me sentir sozinha”
Carta de Carla, volante do Minas Brasília-DF, para a filha Ana Beatriz, de 9 anos.
“Quando engravidei, eu tinha 18 anos. Foi em um período da minha vida muito bom profissionalmente. Tinha sido convocada pela primeira vez para a Seleção Brasileira Sub-20 e estava extremamente feliz por ter dado o primeiro passo rumo ao meu sonho. Em meio à essa euforia toda, descobri a minha gravidez. Foi um grande susto e pensei que tudo tinha acabado, principalmente profissionalmente. Contei para meu namorado, que também ficou assustado, e depois para minha família, que ficou preocupada por eu estar longe, mas prontamente me deram total apoio. Passado o susto, decidi parar de jogar e me dedicar totalmente à maternidade, queria vivenciar cada momento de ser mãe. Cada detalhe foi único e não me arrependo de nada.
Claro que com o apoio do meu namorado (o pai da minha filha), e da nossa família tudo ficou um pouco mais fácil.
Após 7 anos longe dos gramados, surgiu a oportunidade de voltar a jogar. Confesso que fiquei um pouco insegura, pois agora eu tinha uma filha, uma ‘nova família’, teria uma rotina mais intensa de treinos, compromissos e viagens para jogos. Foi então que recebi mais uma vez o apoio da minha sogra, que se prontificou a ficar com a neta quando eu estivesse viajando. Depois de conversar com o meu marido, resolvemos aceitar o desafio. Ele era preparador físico e também viria trabalhar na equipe. Nos treinos, reuniões e em alguns compromissos do time, a Ana Beatriz vai conosco. No início, era mais difícil, mas agora, com 9 anos, ela compreende bem o nosso trabalho e é mais tranquilo.
A vida de mãe e atleta é bem corrida e cheia de desafios, mas acredito que estou fazendo um bom papel. Me orgulho da pessoa que ela vem se tornando e fico feliz em estar perto dela, participando de cada conquista. Em cada viagem, ela me dá um “filho” (ursinho de pelúcia) dela para eu levar. Diz que é para sentir o cheiro dela e não me sentir sozinha. Um estímulo e tanto, não é?! Enfim, para mim, ela é a razão para que eu levante todos os dias e lute por um futuro melhor. Me dá forças pensar em estar ao lado dela em cada fase da sua vida, ver o sorriso no seu rosto e sentir aquele “cheirinho de amor”, todos os dias. É o impulso que todas as mães têm para batalhar para alcançar o impossível!
Dia das Mães: Carla, mãe da Ana Beatriz e meia do Avaí/Kindermann
Créditos: Andrielli Zambonin/Avaí Kindermann
Fonte: CBF
Crédito de imagem: Créditos: Arquivo Pessoal