A esperança de que a segunda fase de covid-19 da Índia estava prestes a atingir um pico se desfez nesta quinta-feir (6). O país registrou recordes diários de infecções e mortes, enquanto o vírus se espalha de cidades para vilarejos da segunda nação mais populosa do mundo.
A Índia registrou o recorde de 412.262 novos casos da doença nas últimas 24 horas e um recorde de 3.980 mortes. As infecções por covid-19 já ultrapassam 21 milhões, e o total de óbitos é de 230.168, mostram dados do Ministério da Saúde.
Especialistas do governo haviam previsto um pico de infecções da segunda fase nessa quarta-feira (5).
“Isso detém temporariamente as especulações sobre um pico”, disse Rijo M John, professor do Instituto Indiano de Administração de Kerala, estado do sul, no Twitter.
Como os hospitais estão em busca de leitos e oxigênio por causa da disparada de infecções, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou, em relatório semanal, que a Índia foi responsável por quase metade dos casos de covid-19 notificados globalmente na semana passada e por um quarto das mortes.
O país tem 3,45 milhões de casos ativos. Os especialistas dizem que os números reais da Índia podem ser de cinco a dez vezes maiores do que a contagem oficial.
A crise de covid-19 é mais aguda na capital, Nova Delhi, entre outras cidades, mas em áreas rurais – que abrigam quase 70% da população de 1,3 bilhão de habitantes – a rede de saúde pública limitada está criando mais desafios.
“A situação se torna perigosa nos vilarejos”, disse Suresh Kumar, coordenador de campo da Manav Sansadhan Evam Mahila Vikas Sansthan, uma instituição de direitos humanos.
Em alguns vilarejos de Uttar Pradesh, estado do norte que abriga cerca de 200 milhões de pessoas e onde a instituição atua, “há mortes quase em uma de duas casas”, disse Kumar.
“As pessoas estão assustadas e recolhidas em casa com febre e tosse. Os sintomas são todos de covid-19, mas sem informações disponíveis muitas pensam que é a gripe sazonal”.
Em Nova Delhi, menos de 20 dos mais de 5 mil leitos de tratamento intensivo de covid-19 ficam livres em qualquer momento.
No escritório de um crematório hindu da capital, o chão e as prateleiras estão repletos de potes de argila, pacotes plásticos e contêineres de aço cheios de cinzas das muitas vítimas da doença da cidade em que foram cremadas.
* Reportagens adicionais de Anuron Kumar Mitra e Danish Siddiqui
Fonte: Shilpa Jamkhandikar e Tanvi Mehta* – Repórteres da Reuters – Nova Delhi
Crédito de imagem: © Vipin Kumar/Hindustan Times/Sipa USA