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Ministro da Educação atribui ‘dificuldade extra’ no orçamento a decisão do Congresso; cortes são ‘opção política’, dizem deputados

Cerimônia de posse do ministro da Educação, Milton Ribeiro.

O ministro Milton Ribeiro deu esclarecimentos na quarta (9) numa audiência na Câmara dos Deputados que colocou foco na situação do orçamento do ministério após anúncios de diminuição de recursos e o bloqueio de verbas para a área da educação. Universidades federais relatam que o repasse menor de dinheiro pode impossibilitar o seu funcionamento no decorrer deste ano.

Ao longo da audiência com os parlamentares, o ministro da Educação atribuiu complicações extras para o MEC à derrubada no Congresso do veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que prevê internet gratuita a alunos e professores da rede pública. Estados deverão receber, ao todo, R$ 3,5 bilhões para investir em ações de conectividade escolar – o que inclui a compra de chips, tablets e pacote de dados.

“Com a derrubada do veto ao PL 3477, a perspectiva de melhora do cenário orçamentário do MEC, em especial para as universidades e institutos federais, torna-se mais complexa. A derrubada do veto trouxe para mim e para o MEC uma dificuldade extra. A União terá que transferir cerca de R$ 3,5 bilhões ao DF e aos estados brasileiros para a aquisição de tablets e pacotes de dados em razão do teto de gastos. Isso significa que o montante equivalente terá que ser retirado de outras políticas públicas”, disse Milton Ribeiro.

“Considerando a atual situação orçamentária do MEC, há riscos de impactos significativos nas políticas prioritárias do MEC e a preocupação atual é justamente de onde esse montante será retirado. Foi anunciado um desbloqueio de R$ 900 milhões do orçamento do MEC. A derrubada do veto ao PL 3477, no entanto, poderá resultar na necessidade de novos bloqueios, anulando o desbloqueio anunciado.”

No mesmo dia foi publicado no Diário Oficial da União o desbloqueio de R$ 900 milhões para o Ministério da Educação prometido pelo ministro Paulo Guedes (Economia) na semana passada para aliviar as contas na área.

O deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) respondeu que “escolhas são políticas. Dentro do teto dos gastos, dentro do governo existe mais recursos destinados para as Forças Armadas do que para saúde, do que para a educação, do que para a cidadania. Isso é opção política, o governo fez uma opção política”.

Cabral cobrou do ministro o que classificou de uma postura mais proativa para buscar recursos para a educação. “A Câmara passou a ser culpada pela derrubada do veto. Não pode se conceber que a Câmara tenha arranjado um problema para o MEC”, declarou.

Orçamento MEC 2020

  • R$ 71,9 bilhões gastos com pessoal e benefícios: 51% do total
  • R$ 45,7 bilhões com “demais” (complementação federal do Fundeb, salário-educação, Fies e despesas obrigatórias FNDE): 32% do total
  • R$ 23,1 bilhões com despesas discricionárias: 16% do total
  • R$ 1,4 bilhão com emendas: 1% do total

 

Lei do Orçamento Anual (LOA) MEC 2021

  • R$ 77,2 bilhões gastos com pessoal e benefícios: 53% do total
  • R$ 47,7 bilhões com “demais” (complementação federal do Fundeb, salário-educação, Fies e despesas obrigatórias FNDE): 33% do total
  • R$ 19,8 bilhões com despesas discricionárias: 13% do total
  • R$ 1 bilhão com emendas: 1% do total

 

Universidades e pesquisas ameaçadas

 

O corte no orçamento das universidades federais poderá afetar mais de 70 mil pesquisas, 2 mil delas relacionadas à pandemia, segundo a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Houve corte de 18,16% no orçamento discricionário de todas as 69 universidades federais. São recursos voltados a pagar as despesas diárias, exceto salários e aposentadorias, que são obrigatórias por lei.

Na prática, o corte ocorre na verba que paga despesas básicas, como contas de água, luz, contratos com empresas de segurança, bolsas de pesquisa, alimentação e apoio a alunos carentes.

Corredor com pontos de alagamento na UFSC em Florianópolis — Foto: Carolina Fernandes/ G1 SC

O cenário de penúria neste segundo ano de pandemia se soma aos cortes no orçamento e ao impacto da inflação ocorrido nos últimos 11 anos nos cofres das universidades.

O recurso disponível em 2021 é 37% menor se comparado ao de 2010, corrigido pela inflação.

Em valores atualizados, o orçamento do MEC para o ensino superior em 2010 seria hoje o equivalente a R$ 7,1 bilhões. Em 2021, é de R$ 4,5 bilhões. Houve queda também em relação a 2020, quando foi de R$ 5,5 bilhões.

Por G1

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