Quando chegou ao Fluminense pela primeira vez, em setembro de 2020, Bruna Moraes era uma atleta tímida e de poucas palavras. A passagem pelo clube acabou interrompida por uma proposta irrecusável do Heungkuk Pink Spiders, um dos principais times da badalada V-League, da Coreia do Sul. De volta ao Tricolor após enfrentar as dificuldades de morar em um país desconhecido e ter a oportunidade de jogar ao lado da estrela internacional Kim Yeon-Koung, a jovem oposta afirma estar mais madura e pronta para ajudar a equipe nas competições que se aproximam.
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“Era muito ingênua, muito crua, e na Coreia tive que aprender a ser forte como atleta e como pessoa. Amadureci mais rapidamente do que amadureceria no Brasil. Foi doloroso, mas foi muito bom. Volto satisfeita e com outra mentalidade”, garantiu Bruna.
Bruna Moraes foi contratada pelo Fluminense para a temporada 2020/2021, aquela que seria a mais desafiadora da história do time. Com 21 anos na época, a atleta havia defendido o São Caetano anteriormente, mas no Tricolor teria a chance de disputar a Superliga desde o início pela primeira vez.
Tímida fora de quadra, Bruna mostrou personalidade dentro dela. Nos seis jogos que fez pela Superliga, a oposta marcou 64 pontos em 19 sets, média de 3,37 pontos por set, a melhor do time na competição. Na vitória contra o Pinheiros, no primeiro turno, ganhou o primeiro Troféu Viva Vôlei da carreira. Esta seria sua última partida pelo Tricolor naquela temporada.
Antes de assinar com o Fluminense, Bruna havia participado do draft para disputar a liga sul-coreana de vôlei e acabou ficando como reserva. O convite para atuar no Pink Spiders veio no fim de dezembro, quando a argentina Lucia Fresco se lesionou.
“Estava crescendo no Fluminense e não imaginava que jogaria fora do país tão nova. Pensei que ficaria umas quatro temporadas no Brasil e iria para o exterior com uns 25 anos. Gosto muito de desafios e jogar na Coreia me tiraria totalmente da zona de conforto. Aceitei o convite logo de cara”, disse a mineira de Itanhandu.
E desafios não faltaram em sua estreia no exterior. Morando sozinha na cidade de Incheon e se comunicando com a ajuda de uma tradutora oferecida pelo time coreano, Bruna teve que se adaptar rapidamente a cultura local.
“Na Coreia é tudo muito diferente. No início foi difícil, ainda mais com a comida, que é muito apimentada. Tenho certeza que a comida brasileira é a melhor do mundo. Me sentia um pouco deslocada porque, apesar de falar inglês e contar com a ajuda da tradutora, poucas companheiras de time falavam inglês, a comunicação era difícil. Mas com o tempo elas me ensinaram um pouco de coreano, ensinei um pouco de português para elas e ficou tudo certo”.
Com os obstáculos fora de quadra contornados, foi a vez de se adaptar ao vôlei sul-coreano, conhecido pela força defensiva.
“Costumo brincar que lá tem seis Camilas Brait em quadra. Era muito difícil colocar a bola no chão. Precisava ter estratégia para fazer ponto. O bloqueio era baixo, mas passar pela defesa era complicado. Elas não têm tanta potência como no Brasil, mas têm muito volume de jogo. Por isso que eles contratam estrangeiras, para aumentar a potência do jogo”, explicou Bruna.
Nesse processo de adaptação, a tricolor contou com uma ajuda de peso. Considerada uma das melhores jogadoras do mundo, Kim Yeon-Koung se tornou uma de suas maiores amigas na Coreia do Sul. E foi justamente de Kim que veio o incentivo para retornar para o Fluminense.
“Não tenho palavras para explicar a Kim. É uma pessoa incrível, muito humilde e engraçada. Foi uma das pessoas que mais me ajudou, me acolheu mesmo. Quando me sentia muito deslocada e ficava na minha bolha, ela me tirava de lá. Antes de aceitar a proposta do Fluminense, ela disse que eu deveria voltar, sabia que me sentia bem aqui”.
A parceria deu certo. Bruna teve ótimo desempenho na temporada, o Pink Spiders foi vice-campeão coreano e a amizade com Kim dura até hoje. Agora, a oposta quer ajudar o Tricolor a voltar aos playoffs da Superliga.
“Estou muito feliz por ter voltado, adoro o trabalho do Guilherme e espero ajudar o grupo da melhor maneira possível. Tomara que essa seja a minha temporada, quero crescer ainda mais e ser uma atleta de ponta daqui a alguns anos”, finalizou Bruna.
Texto: Comunicação/FFC
Fotos: Mailson Santana/FFC e arquivo pessoal