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Sinop: 96% de amostras coletadas são positivas para transmissores de dengue

Assessoria da Prefeitura

Um levantamento feito pelo Centro de Combate às Endemias da Secretaria de Saúde de Sinop aponta que 96% das amostras de larvas de mosquitos coletadas durante as vistorias em propriedades do município são positivas para Aedes Aegypti, transmissor da dengue. O resultado tem como base apenas uma análise feita entre 1º de novembro até terça-feira (30), quando de 530 amostras coletadas e enviadas ao laboratório do centro, 510 positivaram.

Conforme o coordenador do Centro, Jorge Bevilaqua, as amostras são coletadas em cada vistoria. É pelo menos um tubo por imóvel com aproximadamente 10 larvas, possivelmente de Aedes. Essas amostras são encaminhadas ao laboratório para que a confirmação ocorra. “Estas amostras são os focos dentro dos quintais. Os depósitos de água que a população deixa em suas casas, seja objetos descartados ou objetos ainda em uso, vasos de flor, pneus, latas, baldes, piscinas, caixas d’água sem tampas, embalagens de marmitas, sacolas, móveis velhos, ralos, entre outros”, destacou.

Bevilaqua explica, ainda, que uma fêmea contaminada não só transmite a dengue como, também, já coloca seus ovos contaminados com o vírus. “Ou seja, todos os mosquitos que nascerem, terão a dengue pronta para ser transmitida”, detalhou.

Para que os casos de dengue não aumentem, é fundamental que a população faça a sua parte. “Precisamos que as pessoas cuidem de seus quintais, que eliminem os depósitos que acumulem água, que assumam a responsabilidade que de fato é da população”, ressaltou.

LIRAa

Entre os dias 22 e 26 de novembro, os agentes de combate às endemias fizeram o terceiro Levantamento Rápido de Índices para Aedes Aegypti (LIRAa) do ano e, conforme a análise, o índice de infestação atingiu 9,2%, percentual bem acima do preconizado pelo Ministério da Saúde, que é de 1%.

“Nós fizemos o levantamento de índice rápido e a infestação predial deu que, a cada 100 casas, 10 está com foco. Ou seja, a cada 10 casas, uma está com foco. Então, em um quarteirão que tenha 40 casas, tem pelo menos 4 focos naquele quarteirão. O risco de termos uma epidemia de dengue é absurda. E, infelizmente a limpeza desses quintais, a destruição destes focos é única e exclusiva do proprietário, do morador que está lá. É algo que está além da nossa capacidade enquanto agentes”, enfatizou Bevilaqua.

O LIRAa é um levantamento rápido executado em todos os municípios do Brasil e que já está pré-estabelecido no calendário anual do Ministério da Saúde, pois serve para controle e avaliação do índice de infestação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor de doenças como a dengue, zika vírus e Chikungunya. Ele é feito de 3 a 4 vezes no ano. No levantamento anterior, realizado em junho, o índice estava em 0,7%.

Mutirão contra a dengue

O mutirão de combate a dengue, iniciado em setembro e com término previsto inicialmente para novembro, deve continuar em dezembro. Conforme a programação, devem ser percorridos ainda os bairros Maria Vindilina, Boa Esperança, Jardim Violetas, Residencial Jequitibás, Jardim Imperial, Camping Club e, também, a região central.

Conforme análise preliminar do setor, pelo menos 19 bairros já receberam os agentes durante o mutirão. Até início de novembro, foram mais de 102 mil visitas feitas, 630 mil depósitos (ou seja, objetos ou locais que podem servir de criadouro para o mosquito) inspecionados, sendo que ao menos 50 mil foram eliminados.

Confira, abaixo, o bate-papo com o coordenador do Centro de Combate às Endemias sobre as ações e principais dúvidas relacionadas ao combate à dengue:

Assessoria: Por que não aplicar mais o fumacê?

Jorge: O fumacê não existe mais. Era uma atividade do Ministério da Saúde usava com bombas chamadas “FOG”. O que eram essas bombas? Elas pegavam óleo, misturado com veneno, queimavam e fazia uma grande fumaça que impregnava tudo em todo o lugar. Essa fumaça é tóxica, faz mal ao ser humano e a todos os seres vivos. E isso é um problema sério e acabou sendo descontinuado pelo Ministério da Saúde porque não afetava só o Aedes, mas todos insetos, pequenos animais, humanos, entre outros.

Assessoria: Há algo que substitua esse fumacê atualmente? Como funciona?

Jorge:  Hoje existe o serviço de bloqueio costal. O que é isso? São bombas de veneno motorizadas, com inseticida misturada com uma calda de água. Água e veneno, a gente chama de calda, que são aplicadas por meio dessas bombas e ela atomiza o veneno. O que seria isso? Ela pega água, através da bomba e sistema de canhão dela, e deixa isso como micropartículas, como vapor e, esse vapor é aplicado então aos redores dos locais que tiveram casos suspeitos ou positivos para dengue.

Para não correr o risco de passar um veneno desnecessariamente, é feito essa investigação epidemiológica e, com base no diagnóstico, ocorre a aplicação ao redor dos quarteirões com casos suspeitos ou positivos.

Assessoria: Se algum morador solicitar aplicação de fumacê ou inseticida com bomba costal?

Jorge: Não. O fumacê não existe mais. Também não ocorrerá a aplicação do inseticida, pois só será passado onde há casos suspeitos ou positivos para Dengue, Zika ou Chikungunya.

Assessoria: Por que não se passa o veneno de uma vez para acabar com o mosquito?

Jorge: O veneno não acaba com o mosquito. Não mata, nunca vai acabar. Como assim? O inseticida mata apenas os mosquitos que entraram em contato com a névoa de veneno. Após 5, 10, 15 minutos, dependendo da temperatura, essa névoa desaparece e não atua mais. Então, ela é momentânea. Qual é a proposta dela então? Teve um caso positivo ou suspeito de dengue na redondeza, o propósito é matar a fêmea contaminada com a doença para que ela não transmita para outra pessoa. Então é uma medida paliativa, uma soma, para evitar futuros problemas.

Assessoria: O que fazer para acabar de vez com a dengue?

Jorge: Eliminar os criadouros nos quintais. É isso, não existe outra solução.

Assessoria: Dedetização pode funcionar?

Jorge:  Deve ser solicitado à uma empresa especializada, mas, também não resolverá o problema.

Assessoria: Qual é a função do Poder Público nas ações contra dengue?

Jorge: O Poder Público é responsável pelo controle vetorial. Os agentes passam de casa em casa, fazendo a pesquisa se tem larvas nos quintais ou não. Caso tenha, farão a orientação e conscientização desse morador sobre a importância de cuidar do seu quintal. Resumindo, os agentes de combate às endemias são educadores, para mudar o comportamento das pessoas.

Assessoria: Quais são as demais atribuições dos agentes de combate às endemias?

Jorge: Nós também identificamos os criadouros, ou seja, as larvas.  Orientamos o morador responsável sobre a eliminação e proteção contra possíveis criadores, informamos sobre sintomas, riscos os agentes transmissores e sobre as medidas de prevenção.  Executamos a função de fiscais, registramos todos esses dados em formulários específicos de controle de dengue como provas de que passamos pelo local, fizemos a orientação e executamos nossas atividades. Nós cadastramos os imóveis do nosso município para sabermos quantos imóveis existem e, através dessa quantidade, aspirar um aumento no número de agentes. Nós também encaminhamos os casos suspeitos e positivos da dengue para a Atenção Primária [da Secretaria de Saúde] para que possam estar fazendo a parte da manutenção da saúde. Nós promovemos a reunião e orientação da comunidade, mobilização das ações de prevenção e atuando sempre em conjunto com Atenção Básica.

Assessoria: Quais são os principais lixos encontrados e que servem como criadores?

Jorge: A maioria de lixos acumulados nos quintais são lixos que a própria coleta leva. Então, resumindo, o lixo muitas vezes acumulado ao fundo dos imóveis é apenas um descaso mesmo. E isso precisa ser diferente. A população precisa cuidar em relação a isso, tanto que a coleta de lixo aceita sacolinha de mercado como embalagem, já entendendo a dificuldade de cada um.

Assessoria: Como funciona a aplicação de multas?

Jorge: Quando são encontrados os depósitos que podem servir para criadouros de mosquito, [o morador] já recebe o termo de vistoria, que serve como primeira notificação. Após o termo de vistoria, o fiscal vai até o local e pode aplicar uma nova notificação ou multar. A multa mínima é de aproximadamente 100 UR [unidade de referência], que custa em torno de R$ 3,00.

Assessoria: Repartições públicas também podem ser multados?

Jorge: Sim. A repartição pública também pode ser multada. Nesse caso, quem é multado? diretor, coordenador, supervisor, a pessoa responsável ou representante.

Autor: Karoline Kuhn
Fonte: Assessoria da Prefeitura

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