Arara, olho no objetivo e foto de companheiro: o que significa a decoração dos trenós e capacetes brasileiros

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Alexandre Castello Branco/COB
Quem olha o trenó da equipe de bobsled passando voando, a mais de 150km/h, no circuito
do Centro Nacional de Esportes de Pistas, em Yanqing, certamente não notará
esse detalhe. Mas com o carrinho parado é possível ver muito nitidamente uma
silhueta estampada. É Odirlei Pessoni, um dos símbolos da modalidade no Brasil
e que esteve nos Jogos Olímpicos de Sochi 2014 e Pyeongchang 2018, que faleceu
tragicamente em acidente automobilístico em março de 2020, aos 38 anos.

“Essa homenagem foi uma ideia de todo o time porque o Odirlei era um cara
fantástico, o coração do time. Era nosso mecânico, nosso engenheiro e um baita
de um atleta. Chegava no topo da pista e podia estar quem fosse que ele não
tremia. Era um super parceiro, com um coração gigante. O mínimo que a gente
podia fazer era trazer ele com a gente. Sabemos que não pode ter marcas, patrocínio
nada disso no trenó. Mas se a organização pedir para tirar, é um questionamento
que a gente vai fazer porque é uma homenagem que vai além do esporte”, disse o
capitão e piloto do trenó, Edson Bindilatti, responsável por trazer Pessoni
para a modalidade.

Foto: Divulgação/CBDG

“A amizade é um dos fundamentos do Olimpismo e acho que o que fizemos é uma
homenagem à amizade. A competição, o resultado vem depois disso. Queremos muito
deixar a imagem dele no trenó com a gente porque ele fez parte de toda essa
história do bobsled do Brasil. Se hoje estamos aqui, disputando em bom nível,
muito a gente deve a ele”, completou Bindilatti. Os capacetes dos atletas também
terão a imagem de Odirlei.

No skeleton, Nicole também não economizou no simbolismo em seu capacete e seu trenó.
Quando ela está voando deitada de bruços no carrinho, não dá pra ver, mas o que
ela queria desde o começo na prática da modalidade, esteve estampado nos
últimos anos em seu equipamento de trabalho.


Foto: Andrea Leibovitch/COB

 

“Desde 2020 que eu tenho essa decoração. O meu sled é o rosto de uma mulher e
também é todo pintado com as cores do Brasil. Dentro do olho da mulher está
escrito ‘Beijing 2022’. Significa o foco no objetivo que era estar aqui nos
Jogos Olímpicos”, explicou Nicole.

Mas as homenagens ao Brasil e os simbolismos não param por aí. No capacete da
atleta que foi 8ª lugar no evento-teste em outubro do ano passado há duas
imagens.

“No capacete, eu estampei uma arara com o estetoscópio em volta. A arara é um
animal lindo, é um dos símbolos do Brasil, e também tem o significado de sorte.
E o estetoscópio é, logicamente, uma referência à minha outra profissão, que é ser
enfermeira. Atrás tem meu sobrenome, Silveira, e o símbolo da enfermagem também.
Eu quis fazer bem colorido, com as cores do Brasil”, completou. Nicole Silveira faz a primeira descida dia 11, enquanto o
bobsled, no trenó de duas pessoas, estreia no dia 14. O quarteto compete pela
primeira vez no dia 19.

Foto: Alexandre Castello Branco/COB

 

O Time Brasil em Pequim 2022 conta com 11 atletas, sendo um reserva: a equipe
de bobsled composta por Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna, Rafael
Souza e Jefferson Sabino (reserva); Jaqueline Mourão, Eduarda Ribera e Manex
Silva, do esqui cross-country; Nicole Silveira, do skeleton; Michel Macedo, do
esqui alpino, e Sabrina Cass, do esqui estilo livre moguls. Michel é o único
que ainda não desembarcou na China e a chegada está prevista para o próximo dia
8.

Pequim 2022 é a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em
Albertville 1992. No total, até Pequim, 35 atletas do Brasil, sendo dez
mulheres, em oito esportes (esqui alpino, bobsled, esqui cross country, luge,
snowboard, biatlo, esqui estilo livre e patinação artística), participaram da
competição.

 

Fonte: Redação com Inf. COB
Alexandre Castello Branco/COB