A campanha de Jair Bolsonaro pretende usar massivamente nas redes sociais e na televisão as imagens da delação de Antonio Palocci, em que o ex-ministro acusa Lula e o PT de terem praticado atos de corrupção.
Serão usados ainda dados de investigações e processos do ex-ministro José Dirceu e do ex-tesoureiro João Vaccari Neto.
O objetivo é martelar a mensagem de que “a corrupção voltará” com o PT. A aposta da campanha bolsonarista é que, ao ser relembrado das suspeitas ou das condenações petistas, o eleitor irá aumentar sua rejeição a Lula.
Em sua delação, Palocci afirmou, sem apresentar provas, que 90% das medidas provisórias editadas nos governos de Lula e Dilma envolviam o pagamento de propinas.
Além disso, o ex-ministro afirmou que as doações de empreiteiras durante as eleições eram na verdade propina pagas em retribuição a contratos com a Petrobras.
Na sua delação, Palocci citou uma reunião de que teria participado em 2010 com Lula, Dilma e o ex-presidente da petroleira, José Sergio Gabrielli. Nela, Lula teria solicitado que a Petrobras encomendasse a construção de 40 navios-sondas, o que irrigaria os cofres do PT com dinheiro de propina.
Parte do conteúdo da delação de Palocci foi tornado público às vésperas do primeiro turno das eleições de 2018 pelo então juiz Sergio Moro, que em seguida se tornou ministro de Bolsonaro.
Com isso, surgiram as suspeitas de uso político da delação por Moro. O STF acabou determinando em 2020 que o conteúdo dela não poderia ser usado no processo que investigava a doação de um terreno pela Odebrecht para construção do Instituto Lula.
Além disso, ao investigar o que foi dito na delação, a PF concluiu que os únicos fatos que corroboravam as acusações do ex-ministro eram notícias de jornal.
Por Guilherme Amado / Lucas Marchesini
Metrópoles