Em Pequim 2022, Jaqueline Mourão se torna a recordista brasileira de participações em Jogos Olímpicos

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William Lucas/ANOC

Jaqueline Mourão entrou oficialmente para a história do
esporte brasileiro nesta terça-feira, 08/02. Ao largar na prova de Sprint em
Pequim 2022, a esquiadora e ciclista de 46 anos confirmou a 8ª participação em
Jogos Olímpicos, um recorde. Ela representou o Brasil no ciclismo MTB em Atenas
2004, Pequim 2008 e Tóquio 2022 e no esqui cross-country em Turim 2006,
Vancouver 2010, Sochi 2014, Pyeongchang 2018 e, agora, Pequim 2022. Com o
feito, ela superou outras lendas do esporte brasileiro como Formiga, do
futebol, Robert Scheidt, da vela, e Rodrigo Pessoa, do hipismo.

“O frio na barriga é o mesmo dos primeiros Jogos Olímpicos, a vontade de fazer
história para o meu país é enorme. Estar aqui com todo esse cenário, passando
por uma classificatória difícil, todos os procedimentos por conta da Covid,
pandemia… Na linha de largada, tudo se concretizou. O meu caminho foi
diferenciado, exigente, Jogos de Verão, de Inverno, três modalidades. E
confesso que pensei muito na Bruna (Moura), nesta manhã, tudo que ela viveu
comigo e fiquei muito emotiva”, disse Jaqueline, citando a pupila e
companheira, que sofreu um acidente automobilístico pouco antes da viagem para
Pequim e se recupera bem.

O desempenho de Jaqueline e Bruna no último Mundial, que colocou o Brasil ficar
na 25ª colocação do Ranking de Nações, foi o que permitiu ter duas atletas no
esqui cross-country em Pequim 2022.

“Quando soube do acidente da Bruna, horas antes do meu voo (para a China), caiu
meu chão. Não conseguia concentrar em nada, foi muito duro. Ela merecia estar
aqui, uma menina muito batalhadora, uma pessoa leve que faz todo mundo sorrir.
Ela tá aqui comigo, penso nela todo dia e conversamos hoje de manhã. A Bruna
falou que vou ter que continuar pra 2026 pra correr juntas. Espero que ela se
recupere o mais rápido possível e volte a competir no esqui porque a Bruna é
uma atleta de muito futuro. Mas não posso deixar de dizer que a Duda está aqui
também por méritos”, analisou.

Ter a companhia de Duda também marca uma evolução do esqui cross-country
porque, pela primeira vez, Mourão teve companhia em suas provas. “É um legado. Muito bom ver o trabalho que vem sendo feito, que com o rollerski
estão surgindo novas atletas, mais gente se envolvendo, a Duda é um resultado
desse trabalho de longo prazo. É muito emocionante poder compartilhar desde o
almoço, passando pelo ônibus para a Arena, até a prova propriamente dita. Sou
muito feliz de poder viver isso como atleta”, disse.

Em Pequim 2022, a recordista teve uma rotina diferente, que mostra o crescimento
da modalidade. Durante o período na China, Jaqueline vai ter a chance de
esquiar no Centro Nacional de Esqui Cross-country, em Zhangjiakou, pelo menos,
três vezes. “Poder competir em 3 provas é muito bom. Nos outros Jogos Olímpicos, era só um
dia e acabou. Agora, a gente pode curtir mais, aprender mais. Hoje consegui
fazer um bom aquecimento, testar toda a rotina pré-prova para que nas próximas
seja melhor. Estou muito feliz com isso”, contou.

Jaqueline, que já trabalha nos bastidores do esporte, sendo integrante das
Comissões de Atletas das Confederações Brasileiras de Ciclismo (CBC) e de
Desportos na Neve (CBDN) e do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e concorre a uma
vaga na do Comitê Olímpico Internacional, não projeta o futuro no momento, mas
deixa em aberta a possibilidade de quebrar o próprio recorde.

“Depois de Pyeongchang, eu falei que queria ver ano a ano como ia ser e disputei
Tóquio e Pequim. Tudo vem de dentro, se eu ainda tiver tendo prazer em fazer o
que eu faço, inspirando pessoas, é possível tentar uma nova edição de Jogos. Mas
você chega uma fase da vida que você tem que respeitar a natureza. Até agora
não tive queda de performance. Quero chegar pelo menos até o Mundial para
ajudar o Brasil a ter mais atletas nos próximos Jogos”, contou Jaqueline, que disse
também que não pretende buscar vaga em Paris 2024 no ciclismo.

O Time Brasil em Pequim 2022 conta com 11 atletas, sendo um reserva: a equipe
de bobsled composta por Edson Bindilatti, Edson Martins, Erick Vianna, Rafael
Souza e Jefferson Sabino (reserva); Jaqueline Mourão, Eduarda Ribera e Manex
Silva, do esqui cross-country; Nicole Silveira, do skeleton; Michel Macedo, do
esqui alpino; além de Sabrina Cass, do esqui estilo livre moguls. Sabrina
encerrou sua participação na 26ª colocação e é a única que já se despediu dos
Jogos Olímpicos de Inverno.

Pequim 2022 é a nona participação brasileira em Jogos de Inverno, iniciada em
Albertville 1992. Até esta edição, 35 atletas do Brasil, dez mulheres, em oito
esportes (esqui alpino, bobsled, esqui cross-country, luge, snowboard, biatlo,
esqui estilo livre e patinação artística), participaram da competição.

Fonte: Redação com Inf. COB
William Lucas/ANOC