O mundo jamais falou, investiu e consumiu tanta energia de fontes renováveis como agora. Quem investe nessas matrizes energéticas está ao mesmo tempo atento às questões ambientais e de sustentabilidade, sem deixar de lado as preocupações com os constantes aumentos no valor da tarifa da eletricidade convencional. Apenas nos últimos 12 meses, o acréscimo na fatura de energia superou os 30%, o que encarece os custos das mais diferentes cadeias produtivas.
As novidades em energias renováveis são destaques no Show Rural Coopavel 2022 por expositores e também pelo Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), por meio do programa RenovaPR – Energia Rural Renovável – que apoia a geração distribuída de energia elétrica a partir de fontes renováveis, em especial biomassa e solar, em unidades produtivas rurais paranaenses. O programa é uma parceria entre o IDR e Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). Um ambiente de 150 metros quadrados, junto ao estande do IDR-PR no Show Rural, foi destinado a demonstrações por expositores de energias geradas por fontes solar, biogás, biometano e eólica.
O RenovaPR dispõe de recursos que podem diminuir em até 95% os gastos com energia entre os produtores e agroindústrias. O programa teve 1.637 projetos acatados pelo IDR Paraná no valor total de R$ 275,3 milhões. Outros 873 projetos já estão em bancos, no valor de R$ 139,5 milhões. Já são 431 empresas cadastradas em projetos de energia solar e 15 em biogás/biometano.
O espaço tem um conjunto de placas fotovoltaicas com energia solar, que gera energia e movimenta equipamentos em tempo real. Em parceria entre o IDR Paraná e o Cibiogás, foram levadas informações e demonstrações para geração e uso do biogás e com filtragem para obtenção do biometano – combustível equivalente ao Gás Natural Veicular – GNV – , que dá autonomia de transporte e mobilidade a produtores e agroindústrias que gerarem seu próprio combustível. No local está um trator a biometano, que foi lançado comercialmente pela New Holland – e um caminhão Scania também a biometano – o primeiro caminhão brasileiro nessa modalidade.
Destaques em fontes renováveis
Mais um destaque no espaço é o Gerador Eólico Hotek, produto 100% paranaense que chega para ocupar o mercado de equipamentos de médio porte. Com 23 metros de altura, ele pode ter uso rural ou urbano e é solução para geração 24 horas por dia.
O gerador usa tecnologia de duto aerodinâmico em vez de pás. Destaque especial para o gerador elétrico, que inicia a produção de energia com apenas 0,8 m/s (2,9 km/h) de vento, desempenho considerado ótimo em comparação a equipamentos existentes no mercado que iniciam produção somente a partir de 3,5 m/s de vento. E pode operar tanto ligado à rede de energia da distribuidora de energia em geração distribuída – compensando a geração no seu consumo mensal, como off-line, podendo ainda alimentar conjuntos de baterias que permitem autonomia energética total a um empreendimento, mesmo em locais em que não haja energia elétrica ou não seja atendido por distribuidora concessionária.
O projeto do gerador é liderado pelo empresário e técnico do ramo de eletrônica Edison Peruzzo, que é um dos sócios da Hotek Tecnologia e Inovação, empresa instalada em São José dos Pinhais-PR.
O gerador eólico Hotek está instalado no ambiente do RenovaPR para a fase de testes e medições de geração de energia elétrica para a testagem à campo e final certificação do produto. Após aprovado, a empresa e o produto poderão ser cadastrados no RenovaPR em futura chamada pública para energia eólica e ser uma opção real aos produtores e agroindústrias paranaenses, que poderão financiar por linhas de crédito rural essa alternativa de geração de energia renovável junto ao sistema financeiro.
Cibiogas e RenovaPR estão recebendo excursões de mais de 5 mil cooperativistas do Paraná durante o Show Rural Coopavel, que termina amanhã (11).
Iluminação noturna
Além das energias renováveis, o Show Rural também tem uma atração curiosa: a Tecnologia Irriluce – tecnologia de iluminação artificial para a lavoura – que está sendo apresentada pelo Grupo Fienile, em parceria com o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), no Show Rural Digital, que faz parte do Show Rural.
O Grupo Fienile desenvolveu a Tecnologia Irriluce, que utiliza iluminação artificial na lavoura em equipamentos de irrigação e que já está presente em vários estados do Brasil, como Minas Gerais, Bahia, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O produtor de trigo Vilmar Steffanello, de Jacuizinho (RS), utiliza há mais de um ano a tecnologia Irriluce e na última safra de trigo, em dezembro, teve um aumento de mais de 50% na produção.
Uma suplementação luminosa na produção de lúpulo em Lages, na serra catarinense, teve uma segunda safra de lúpulo no mesmo ano em 2021, algo inédito no estado. As pesquisas estão sendo realizadas há um ano pelo mestrando Hyan de Cásio Pierezan e acompanhada por pesquisadores da Udesc – Universidade do Estado de Santa Catarina. A experiência acontece na Fazenda Santa Catarina da Ambev, numa parceria com o Grupo Fienile.
Durante o Show Rural um pivô de irrigação está em exposição para quem passa pelo local pode visualizar o funcionamento da tecnologia que utiliza módulos led acoplados ao pivô para suplementar luz e complementar o processo de fotossíntese das plantas durante a noite trazendo inúmeros benefícios.
O CEO do Grupo Fienile, Gustavo Grossi comemora a participação no Show Rural e a parceria com o PTI, e enfatiza que esta é uma grande oportunidade de mostrar o trabalho que vem sendo realizado pela empresa. Diante dos resultados alcançados até agora em diferentes estados do Brasil com a utilização da tecnologia, ele explica que o funcionamento do trabalho não consiste apenas em luz, que tem todo um aparato tecnológico desde o pivô à utilização da vazão de água, e que se não fizer um trabalho de nutrição de solo, recuperação de estrutura de solo, manejo ligado a tecnologias como remineralizadores, entre outras, o projeto não funciona. Ele também enfatiza a importância das pesquisas durante o processo: “Não é somente investir na Tecnologia Irriluce, ou adquirir o pivô de irrigação, ou mesmo adaptar o pivô de irrigação de água. É preciso muito mais do que isso. É preciso estar disposto a contribuir com a pesquisa, receber pesquisadores na sua propriedade para avaliar o desenvolvimento do projeto pelo menos nos três primeiros anos”, disse Gustavo Grossi.
O diretor de Pesquisas do Grupo Fienile, Ernane Lemes, presta orientações no local e fala dos resultados obtidos até agora com a tecnologia no Brasil, que já está presente em vários estados. “A Suplementação Luminosa é um coroamento de um trabalho em conjunto, que começa com uma consultoria com cada produtor para entender o que a área dele apresenta de possíveis fatores limitantes e o que é possível melhorar em termos de manejo, estrutura do solo, química do solo, nutrição para a planta. Não adiantaria posicionar a luz se a planta não tiver condições de extrair nutrientes, extrair água para se desenvolver”, explica.
A participação do Grupo Fienile é muito importante para desmistificar qualquer percepção de que é só a luz quem trabalha, “Não podemos posicionar o projeto onde exista problemas no desenvolvimento da planta em qualquer área que seja. A importância de estarmos no evento é posicionarmos uma ideia correta do projeto e atender aqueles participantes, aqueles produtores que têm interesse na tecnologia, para fazer além da comercialização e venda do projeto, o posicionamento do projeto que vai além da luz, mas que coroa com a implementação da suplementação luminosa”, complementa Ernane.
Por canal Rural