Sem química entre comandante e comandados, Flamengo se mostra incapaz de buscar soluções

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Gabigol e Pedro na final do Carioca, entre Flamengo e Fluminense — Foto: André Durão

O Flamengo perdeu o título carioca para o Fluminense sem deixar dúvida de que mereceu a sorte que teve. Sem alma e capacidade de sair de situações adversas, o fracasso do time de Paulo Sousa deixou uma preocupação enorme na torcida, a poucos dias da estreia na Libertadores e Brasileiro, sobre até onde pode ir na temporada.

Convicções e metodologia à parte, faltou química entre comandante e comandados, e dentro de campo o que se viu foi um time comum, com jogadores de reconhecido talento, mas que em boa parte do tempo não conseguiram fazer nem o mais básico.

Com a necessidade de inverter a vantagem do Fluminense, o imaginado era que o Flamengo entraria em campo de forma alucinante para encurralar o rival, mas na prática foi diferente. Um time com um repertório limitadíssimo, que não conseguiu fazer pressão sem a bola e viu o adversário ameaçar constantemente sem se limitar a defender.

Basicamente o Flamengo usou duas alternativas: a ligação direta da defesa para o ataque e a “se vira, Arrasca”. No lance do gol de Gabi, a jogada até funcionou. Bola para Bruno Henrique, desvio de cabeça, Arrascaeta recebe, faz linda jogada individual e dá a assistência para o artilheiro. Mas o Flamengo precisava de mais. Precisava correr atrás do prejuízo causado pelos erros infantis cometidos no primeiro jogo, e não foi capaz.

A previsibilidade facilitou a defesa tricolor. Os alas Rodinei e Lázaro não conseguiram dar a criatividade necessária pelos lados, e Bruno Henrique também estava em uma noite de pouca inspiração. Uma marca do Flamengo no ano se repetiu na finalissíma: 16 finalizações, e apenas três na direção correta do gol.

A torcida, mais uma vez, fez sua parte. Foi maioria nas arquibancadas e deu apoio todo o tempo. Mas torcida não pode entrar em campo, só pode se indignar de longe, da arquibancada. E no gramado aquele Flamengo multicampeão parece ter perdido a capacidade de se indignar com fracassos, muitas vezes contra adversários inferiores tecnicamente.

O gol de empate do Fluminense, que arrefeceu a tentativa do Flamengo de tirar a vantagem, foi uma sequência de erros primários da defesa, que consagrou Cano nestes dois jogos finais.

David Luiz erra demais e se salva de expulsão

Principal responsável por fazer a ligação direta da defesa com ataque David Luiz teve uma atuação abaixo de seu nível. Dos 14 lançamentos que tentou, errou seis.

No segundo tempo, pressionado em uma saída de bola, o zagueiro errou, fez uma falta dura e, como já tinha o amarelo, se salvou de ser expulso.

Aliás, foram poucos jogadores que estiveram em bom nível técnico, especialmente Arrascaeta e João Gomes.

Neste domingo a delegação do Flamengo embarca para Lima, onde na terça encara o Sporting Cristal, na estreia na Libertadores. A expectativa é de que os ares da capital peruana, onde o Flamengo foi campeão em 2019, possam mostrar um caminho novo para time e para Paulo Sousa, que tem seu trabalho cada vez mais analisado com lupa e precisa dar uma resposta. E pra já.

Por Fred Huber — Rio de Janeiro