Boris Johnson e seu ex-ministro das Finanças Rishi Sunak são os nomes que aparecem à frente na disputa para substituir a primeira-ministra britânica, Liz Truss, nesta sexta-feira (20). Candidatos buscam apoio para se tornar líder do Partido Conservador, em processo acelerado.
Depois que Truss anunciou renúncia quinta-feira, encerrando seis semanas no poder, aqueles que querem substituí-la tentam conseguir os 100 votos de parlamentares conservadores, necessários para concorrer.
A corrida para se tornar o quinto primeiro-ministro britânico em seis anos ocorre no momento em que as pesquisas apontam que, muito provavelmente, os conservadores iriam encarar uma derrota na próxima eleição nacional.
O vencedor será anunciado segunda (24) ou sexta-feira (29) da próxima semana .
Johnson, que foi deposto pelos parlamentares há pouco mais de três meses, está subindo na disputa ao lado de Sunak.
“Acho que ele tem histórico comprovado para mudar as coisas. Ele pode mudar de novo. E tenho certeza de que meus colegas ouvem essa mensagem em alto e bom som”, disse o parlamentar conservador Paul Bristow sobre Johnson na Rádio LBC.
“Boris Johnson pode ganhar a próxima eleição geral”, acrescentou.
Johnson, que deixou o cargo comparando-se a um ditador romano levado ao poder duas vezes para evitar crises, pode enfrentar dificuldades para chegar aos 100 votos, depois que seu mandato de três anos foi prejudicado por escândalos e alegações de má conduta.
Um ex-assessor, que não fala mais com Johnson e pediu para não ser identificado, disse que é improvável que atinja o patamar, tendo alienado dezenas de conservadores durante seu mandato repleto de escândalos.
O jornal Financial Times, que pediu nova eleição, disse que volta de Boris seria “uma farsa”.
Will Walden, que também trabalhou anteriormente para Johnson, afirmou que o ex-primeiro-ministro está voltando de férias e fazendo sondagens.
“O país precisa de um líder adulto e sério. Boris teve sua chance, vamos seguir em frente. Suspeito que não é isso que o Partido Conservador fará, eles podem muito bem reelegê-lo”, disse Walden à BBC.
O ministro dos Negócios, Jacob Rees-Mogg, manifestou apoio a Boris no Twitter.
A disputa começou na quinta-feira, horas depois que Liz Truss anunciou, diante de seu escritório em Downing Street, que não poderia continuar.
Sunak, ex-analista do Goldman Sachs que se tornou ministro das Finanças assim que a pandemia de covid-19 chegou à Europa, é o favorito das casas de apostas, seguido por Johnson. Ele ficou em segundo na disputa anterior vencida por Truss.
Em terceiro lugar está Penny Mordaunt, ex-ministra da Defesa, popular entre os membros do partido. Nenhum declarou formalmente sua candidatura.
Truss renunciou após o mandato mais curto e caótico de qualquer primeiro-ministro britânico, depois que seu programa econômico abalou a reputação de estabilidade financeira do país e deixou muitas pessoas mais pobres.
Truss disse que não poderia mais conduzir seu programa depois que o plano econômico tumultuou os mercados.Ela demitiu o aliado político mais próximo e nomeou novo ministro das Finanças.
A constatação, nessa quinta-feira, de mais um primeiro-ministro impopular fazendo um discurso de renúncia em Downing Street – e o início de nova corrida pela liderança – mostra a volatilidade da política britânica desde a votação do Brexit em 2016.
Fonte: William James e Elizabeth Piper – Repórteres da Reuters – Londres