EUA: Republicanos têm vantagem, mas sem esperada “onda vermelha”

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© Jonathan Ernst/Reuters/Direitos reservados

O controle do Congresso norte-americano ainda está na balança, quando restam milhões de votos por contabilizar. Os republicanos lideram, no momento, a corrida pela conquista da Câmara dos Representantes, mas a esperança de uma “onda” vermelha” caiu por terra durante a noite, à medida que os democratas foram mostrando resistência surpreendente.

A essa altura é ainda incerto o desfecho das eleições de meio de mandato nos Estados Unidos (EUA). No entanto, é possível concluir que os republicanos não terão a esperada “onda gigante” vermelha, prometida por Donald Trump, enquanto os democratas têm contrariado as sondagens e mostrado resistência. “Não é uma onda republicana, isso é certo”, admitiu o senador republicano Lindsey Graham à NBC.

Ainda assim, os números continuam a indicar vitória republicana na Câmara dos Representantes, que é atualmente de maioria democrata. À medida que os votos são contabilizados, os republicanos contam com 198 assentos e os democratas com 173, segundo dados da BBC – o que significa que o Grand Old Party ainda precisa de 22 lugares para assegurar o controle dessa Câmara.

Além do controle do Congresso (composto pela Câmara dos Representantes e o Senado), nestas eleições está também em jogo a escolha de governadores e presidentes de câmara. Todas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes serão disputadas nesta eleições, bem como 35 dos 100 lugares do Senado e ainda 36 lugares de governadores.

No Senado, o cenário continua em aberto, uma vez que a batalha está muito equilibrada em estados como Arizona, Geórgia, Nevada e Wisconsin. A contagem desses votos pode levar vários dias.

A notícia mais animadora da noite para o Partido Democrático foi a conquista, na Pensilvânia, de uma cadeira no Senado, até agora controlada pelos republicanos, que é a chave para manterem o controle da câmara alta. O democrata John Fetterman superou as pesquisas e venceu a corrida contra o republicano Oz Mehmet.

De acordo com os números da BBC, os democratas contam neste momento com 48 assentos e os republicanos, 47.

O Senado está atualmente dividido em 50-50, mas os democratas têm vantagem, uma vez que a vice-presidente Kamala Harris detém o voto de desempate. Dessa forma, o resultado das cadeiras restantes será determinante para o futuro dessa Câmara, uma vez que os republicanos precisam apenas conquistar uma cadeira para assumir o controle da instituição.

Os democratas também tiveram sucesso nas disputas para governadores, vencendo em Wisconsin, Michigan e Pensilvânia – estados que foram críticos para a vitória de Biden em 2020 contra o ex-presidente Donald Trump. Por outro lado, os republicanos mantiveram os lugares dos governadores na Flórida, no Texas e na Geórgia, outro estado onde Biden venceu há dois anos. Nas eleições para governadores, os republicanos já asseguraram 16 lugares, enquanto os democratas têm 13, segundo a Associated Press.

As eleições de meio de mandato (midterms em inglês) são realizadas dois anos após cada eleição presidencial.

Apesar de ainda incertos, os resultados têm sido animadores para o governo Biden, sob críticas diante da inflação alta.

As midterms são decisivas para Biden e servem como referendo, uma vez que o controle republicano de qualquer uma das câmaras será suficiente para bloquear a maior parte da agenda legislativa do presidente.

As eleições servem também de partida para as presidenciais de 2024, com Donald Trump aguardando vantagem dos republicanos, de forma a servir como alavanca para seu regresso à Casa Branca.

Joe Biden tem alertado que a democracia, atualmente sob ataque, também está em jogo nestas eleições, uma vez que mais da metade dos 569 candidatos republicanos na disputa são negacionistas, alguns apoiadores de Trump, e não reconhecem Biden como o legítimo presidente. Uma vitória desses republicanos na corrida para governadores, procuradores-gerais e secretários de estado no Arizona, Wisconsin, Nevada e outros importantes pode semear a confusão nas próximas eleições presidenciais, à semelhança do que ocorreu em 2020.

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Fonte: RTP* – Washington
Crédito de imagem: © Jonathan Ernst/Reuters/Direitos reservados