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China começa a flexibilizar política de covid zero, após manifestações

A vice-primeira-ministra da China, Sun Chunlan, anunciou na noite de ontem (30) que o país vai entrar em uma “nova fase e missão” da política de covid zero. A mudança na abordagem à pandemia surge após vários dias de protestos intensos contra as restrições.

“Com a decrescente transmissibilidade da variante Ômicron, o aumento da taxa de vacinação e a experiência acumulada de controle e prevenção de surtos, a contenção pandêmica da China entra agora em uma nova fase e missão”, declarou Chunlan.

A indicação chegou no momento em que várias regiões, incluindo Xangai, começaram a suspender os confinamentos, apesar do ainda elevado número de casos.

A vice-primeira-ministra falou depois de ter participado de uma mesa redonda com especialistas em saúde que, segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, teriam elogiado os esforços da China antes de oferecerem sugestões sobre como “melhorar” as medidas atuais.

Segundo Chunlan, a China também vai adotar uma “abordagem mais humana” na sua resposta ao surto e exigir que o sistema de saúde aumente as reservas de medicamentos e outros recursos para o tratamento de pacientes.

A decisão do governo Chinês surge depois de grandes protestos em várias cidades contra as políticas de covid zero. As manifestações foram desencadeadas por um incêndio em um prédio de Xinjiang no qual dez pessoas morreram. Muitos chineses acreditam que as restrições prolongadas contra a covid-19 contribuíram para o desastre.

A política da China inclui a imposição de bloqueios em bairros ou cidades inteiras, que podem demorar semanas ou meses, a realização constante de testes em massa e o isolamento de todos os casos positivos e respectivos contatos diretos em instalações determinadas pelo governo, muitas vezes em condições degradantes.

Autoridades atentas

A mais recente mudança de tom vem acompanhada de uma nova campanha de vacinação voltada para idosos, anunciada na terça-feira. Mais de 90% da população da China recebeu pelo menos duas doses de uma vacina, mas a taxa cai drasticamente entre os idosos, especialmente aqueles com mais de 80 anos.

Ontem, a China registrou 36.061 novos casos da doença, uma ligeira queda em relação aos 37.828 de terça-feira. Apesar dos números relativamente altos, algumas regiões começaram a diminuir as restrições.

Segundo os órgãos de comunicação estatais, nesta quinta-feira 24 distritos em Xangai designados como de “alto risco” foram liberados dos confinamentos. Um dia antes foi anunciado o relaxamento das restrições em 11 distritos de Guangzhou, apesar de ambas as cidades relatarem números crescentes de casos.

Apesar do alívio das restrições poder significar que as queixas da população foram ouvidas, as autoridades continuam sem permitir os protestos e mantêm-se atentas, tendo em alguns casos detido pessoas que saíram às ruas para se manifestarem.

O governo chinês justificava a política de covid zero pelo fato de a China ter uma grande população, níveis desiguais de desenvolvimento entre regiões e “recursos médicos insuficientes”.

Segundo dados oficiais, desde o início da pandemia morreram 5.233 pessoas na China devido a infecção pelo novo coronavírus. Estudos sustentam que a estratégia chinesa salvou milhões de vidas.

 

Fonte: Joana Raposo Santo – Repórter da RTP – Lisboa

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