O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, convocará uma cúpula de metas climáticas “sem papo furado” em setembro do ano que vem, e alertou nesta segunda-feira (19) que “não haverá espaço para os que fogem da responsabilidade, ou para os que trocam a culpa” e reembalam promessas antigas.
Em uma ampla entrevista coletiva para encerrar 2022, Guterres também disse que “não cederá na busca pela paz na Ucrânia, de acordo com o direito internacional e a Carta das Nações Unidas”. Um princípio fundamental da Carta fundadora da ONU é o respeito pela soberania e integridade territorial.
Guterres disse que “não está otimista” sobre a possibilidade de negociações de paz efetivas com a Ucrânia e a Rússia no futuro imediato e acredita que o confronto militar continuará, mas acrescentou que “espera fortemente” que possa haver um fim para a guerra em 2023.
Enquanto isso, Guterres disse que se concentraria em aumentar a eficiência de um acordo mediado pela ONU que retomou os embarques de alimentos e fertilizantes da Ucrânia no Mar Negro, e em continuar tentando reiniciar a exportação de amônia russa via Ucrânia e tentar acelerar a troca de prisioneiros de guerra.
O combate às mudanças climáticas tem sido uma prioridade fundamental para Guterres, que completa um ano de seu segundo mandato de cinco anos. Ele disse que continuará pressionando por um pacto de solidariedade climática que exigiria que os grandes emissores fizessem um esforço extra para reduzir as emissões nesta década e garantir apoio para aqueles que precisam.
Os países estão sob pressão para garantir que as emissões sejam cortadas pela metade até 2030 e para zero líquido até 2050 – o único caminho para manter o aquecimento global em 1,5 grau Celsius.
“A meta de 1,5 grau é de tirar o fôlego”, disse Guterres. “Convocarei uma cúpula de ambição climática em setembro de 2023. Convoco todos os líderes a se posicionarem.”
“O convite está aberto”, disse. “Mas há um preço de entrada e o preço de entrada não é negociável –ação climática crível, séria e nova e soluções baseadas na natureza que farão a agulha avançar e responder à urgência da crise climática.”
Fonte: Michelle Nichols – Repórter da Reuters * – Nova York (EUA)