São Paulo – Nos mais de 12 anos em que governou São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) ergueu uma média de apenas 18 moradias por ano na cidade de São Sebastião, a mais castigada pelo temporal que atingiu o litoral paulista durante o Carnaval e deixou 65 mortos e mais de 4 mil pessoas sem casa.
Em visita a São Sebastião no último sábado (25/2), uma semana após a tragédia, Alckmin defendeu que parte dos desabrigados e desalojados na região da Barra do Sahy, a mais devastada pelos deslizamentos de terra, furasse a fila de moradias regulares na cidade vizinha de Bertioga.
Na ocasião, o vice-presidente afirmou que habitação é uma das prioridades do governo federal, mas não fez nenhum comentário sobre as ações para regularizar a situação de famílias que moram em áreas de risco — problema crônico na região — durante suas quatro passagens pelo governo do estado — e deixou o local sem falar com a imprensa.
Um levantamento feito com base em dados da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), aponta que, somadas, as gestões de Alckmin contrataram a construção de apenas 225 moradias em São Sebastião – nenhuma delas foi entregue pelo ex-tucano, que governou o estado entre março de 2001 e março de 2006 e depois entre janeiro de 2011 e abril de 2018.
Nos mesmos períodos, outros municípios com população similar ou até menor que a de São Sebastião, que tem 91,6 mil habitantes, tiveram mais unidades construídos pela CDHU — normalmente, os imóveis têm cerca de 60 m², dois dormitórios, sala, cozinha e banheiro. É o caso das seguintes cidades:
- Avaré – 91,7 mil habitantes: 633 moradias
- Lorena – 89,5 mil habitantes: 480 moradias
- Vinhedo – 81,5 mil habitantes: 285 moradias
Depois da tragédia, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que irá construir moradias populares para as vítimas da tragédia em três terrenos em São Sebastião, mas o número total de unidades ainda está em estudo pela Secretaria da Habitação.
Só em 2022, o órgão estadual destinou mais verba a municípios do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul e ao Distrito Federal do que ao litoral norte paulista.
Procurado o vice-presidente Geraldo Alckmin não retornou os questionamentos. O espaço segue aberto para manifestação.
Por Metrópoles