Cerca de 200 pessoas morreram no Malawi e em Moçambique, países afetados pelo ciclone Freddy no último fim de semana. A força da tempestade provocou cheias e deslizamentos de terra. De acordo com as equipes de buscas, números de mortos pode subir nos próximos dias.
A tempestade afetou o Sudeste africano, depois de uma primeira passagem pela Austrália. O governo do Malawi anunciou que morreram pelo menos 190 pessoas e mais de 500 ficaram feridas. Em Moçambique, o balanço é de 20 mortes e 24 feridos.
Um dos responsáveis pela organização Médicos Sem Fronteiras no Malawi disse que a situação é difícil. “Há muitas mortes e muitos feridos, outros estão desaparecidos e os números vão continuar a aumentar nos próximos dias”, disse Guilherme Botelho.
As chuvas fortes provocaram deslizamentos de terra que engoliram casas na zona de Blantire, capital econômica do Malawi. Perto de 60 mil pessoas foram afetadas e mais de 19 mil ficaram desalojadas, estando agora em igrejas e escolas.
Os efeitos do ciclone Freddy ainda foram sentidos nesta terça-feira (14) no Malawi, de acordo com o serviço meteorológico do país. À medida que os efeitos do ciclone perdem força, muitos sobreviventes procuram por casa por entre os destroços.
Nação arrasada
O presidente do Malawi regressou ao país, depois de participar da conferência das Nações Unidas no Catar, e elogiou os esforços dos voluntários que trabalham nas áreas afetadas. “Chegamos a uma nação arrasada”, disse Lazarus Chakwera em comunicado.
A Organização Mundial de Meteorologia explicou que o ciclone quebrou o recorde de tempo, tendo ultrapassado os 31 dias da tempestade John, registrada em 1994.
O ciclone foi denominado de Freddy em 6 de fevereiro, tendo chegado a Madagascar no dia 21 do mesmo mês e a Moçambique três dias depois.
Pouco depois, a tempestade tropical voltou para o Oceano Índico, ganhando mais força nas águas quentes antes de regressar ao continente africano, atingindo novamente Moçambique e também o Malawi.
Os meteorologistas se surpreenderam com a dimensão do ciclone e explicaram que é pouco frequente esses fenômenos atravessarem o Índico. A última vez que ocorreu foi no ano 2000.
“É muito raro que esses ciclones se alimentem outra e outra vez”, disse a especialista Colleen Vogel, da Universidade sul-africana de Witwatersrand.
A tempestade atingiu o Malawi no momento em que o país vive novo surto de cólera, o mais mortal de sua história.
Fonte: RTP* – Blantire (Malawi)
Crédito de imagem: Cruz Vermelha