O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou, nesta terça-feira (21/03), que repetia um “mantra” quando esteve preso na Polícia Federal (PF), em Curitiba. O petista afirmou que sempre que recebia visitas e estas perguntavam se ele “estava bem”, ele respondia: “Só vou ficar bem quando eu foder com o (Sérgio) Moro”.
A declaração foi dada em entrevista ao portal Brasil 247, no Palácio do Planalto. Em lágrimas, o presidente se lembrou dos momentos em que afirmava esse “mantra”.
“De vez em quando um procurador entrava lá dia de sábado, ou dia de semana, para visitar, perguntar se estava tudo bem. Entrava 3 ou 4 procuradores e perguntava ‘tá tudo bem?’. Eu falava ‘não está tudo bem…Só vai estar bem quando eu foder esse Moro’. Vocês cortam a palavra ‘foder’ aí…”, disse Lula.
“E eu falava todo dia que eles visitavam lá. Entrava um delegado e eu falava a mesma coisa. ‘Se preparem que eu vou provar (que sou inocente)’”, completou.
Durante a entrevista, Lula ainda ressaltou que percebeu que a Lava Jato o tinha como alvo, mas não sabia qual seria a acusação. O presidente afirmou que as acusações tinham cunho político ao invés de jurídico. Ele pontuou que foi um período de “muita mágoa”.
“Muita mágoa, muita mágoa. A morte da Marisa foi uma coisa muito ruim. Depois a morte do meu irmão quando eu estava na Polícia Federal foi muito ruim. As acusações, as leviandades, o que as pessoas escreviam. Isso tudo é muito, muito duro, muitas vezes você precisa se preparar para suportar isso”, declarou.
Lula ficou 580 dias preso em Curitiba e respondeu a 20 ações. Em três delas, foi absolvido. Foi solto em 2019 depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o cumprimento de pena depois de prisão em 2ª instância. As condenações foram anuladas e o então juiz Sérgio Moro foi considerado suspeito (parcial) pela Suprema Corte.
O ex-juiz federal Sérgio Moro (União Brasil-PR) foi eleito senador em 2022 e prometeu fazer oposição ao governo do petista. Antes disso, em 2018, se tornou ministro da Justiça e da Segurança Pública no governo Jair Bolsonaro (PL) e deixou a pasta em 2020, acusando o então presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal.