Com o pioneirismo como marca histórica, o Fluminense propagou ao mundo os avanços que tem desenvolvido em seu departamento de fisioterapia. Nesta semana, foi publicado na revista “International Journal of Development Research” um artigo científico em que os profissionais do clube expõem os resultados obtidos na recuperação de atletas lesionados por meio de uma metodologia própria, que vem se aperfeiçoando a cada dia e contribuindo para os bons resultados da equipe dentro das quatro linhas.
Desenvolvido após anos de pesquisa, o MAC (Método de Aceleração Cicatricial) chegou ao Fluminense através dos fisioterapeutas Nilton Petrone, o Filé, e Felipe Petrone, que participaram em 2019 de um curso cuja abordagem indicava a utilização da metodologia para a cicatrização de feridas. Filé, então, entendeu que poderia adaptar a técnica para o esporte. Dispondo de equipamentos de tecnologia de ponta e um ambiente de alta performance no CT Carlos Castilho, elaborou um protocolo próprio para o clube, que hoje ajuda na prevenção de lesões, a reduzir em até 80% o tempo de recuperação pós-jogo e, principalmente, na cura de lesões.
A nova maneira com a qual departamento de fisioterapia tem tratado jogadores lesionados causa impacto direto nos resultados esportivos. Afinal, graças ao processo mais rápido de recuperação, o técnico Fernando Diniz dispõe do elenco quase sempre completo para treinar e escalar a equipe.
“O Fluminense está demonstrando para a comunidade científica que aqui não se faz apenas o atendimento do atleta, aqui se faz ciência. O Fluminense hoje produz ciência para todo mundo, todos os profissionais, tendo até um curso de formação nessa metodologia. O clube está exportando ciência, uma ciência que ele mesmo criou dentro de sua própria estrutura”, afirmou Filé, coordenador do departamento de fisioterapia do Flu.
O artigo em questão destrincha a utilização da metodologia na recuperação do atacante Caio Paulista – hoje emprestado para o São Paulo –, que em julho de 2021 sofreu uma lesão no músculo adutor da coxa direita, diagnosticada após a realização de exames de imagem. Os resultados do tratamento chamaram a atenção e motivaram o artigo, uma vez que, com a aplicação do protocolo MAC, o jogador voltou a ser relacionado para uma partida depois de apenas 37 dias, contrariando a expectativa prevista pela convenção médica de um retorno entre 12 e 16 semanas (84 a 112 dias).
“Já houve uma reação do meio científico quando o artigo foi publicado, pois mostra que o Fluminense está fazendo alguma coisa muito diferente do que a literatura prega. Nossa base metodológica tem parâmetros muito bem definidos, e nós fomos vendo, no caso do Caio Paulista, que não só cicatrizamos o músculo, mas regeneramos esse músculo também. No final, o Caio Paulista voltou em 37 dias e já estava à disposição para o primeiro jogo, contra a Chapecoense. Quando você coloca um jogador na súmula, que é um documento oficial, com condições de jogar um jogo oficial, sendo que ele teve um terço do tempo diminuído, é algo realmente substancial para a ciência começar a pensar em mudar o modelo que já está constituído por um modelo novo”, avaliou Filé.
A difusão dos avanços científicos vai além do artigo, o terceiro publicado pelo Fluminense abordando os resultados obtidos através da aplicação do protocolo. No início do ano, o clube promoveu no CT Carlos Castilho, em parceria com o Instituto Celulare, a segunda edição do curso que apresenta o Método de Aceleração Cicatricial. Criador da metodologia, o Dr. Marcus Vinicius de Mello Pinto se uniu a Filé para ministrar as aulas, que contaram com fisioterapeutas que trabalham na Seleção Brasileira feminina de vôlei, o fisioterapeuta da Seleção Brasileira de tiro com arco e um profissional que atua com atletas em Portugal. Na primeira turma, no ano passado, já haviam participado o fisioterapeuta do Los Angeles Galaxy, time da MLS (a liga de futebol dos Estados Unidos), e o coordenador de fisioterapia da Seleção Mexicana.
“Nós fomos evoluindo tecnicamente no método até que tivéssemos o controle que a gente tem hoje sobre o tempo, porque o método é realizado na dobra do tempo. O tempo que a gente realiza hoje quebra um paradigma da janela terapêutica, que é antiga inclusive, é uma lei física do Arndt-Schultz que a gente quebra. Então no que isso vai afetar o mercado? O Fluminense já está no terceiro artigo em uma revista internacional, e nós fizemos isso aqui, que na verdade é um laboratório, e agora estamos trazendo essa metodologia que vem ao encontro de um anseio dos clubes, que é acelerar o tempo de recuperação de um atleta, principalmente nas lesões musculares”, concluiu Filé.
Fotos: Marcelo Gonçalves/FFC
Texto: Comunicação/FFC