A Rumo anunciou uma proposta de reorganização societária que vai simplificar sua operação e robustecer sua holding no momento em que a maior operadora ferroviária do Brasil começa a investir bilhões para estender seus trilhos até Lucas do Rio Verde, no centro do Mato Grosso.
A Rumo opera numa estrutura de holding, em que todos os ativos operacionais — as concessões de suas malhas ferroviárias — estão debaixo de alguma de suas subsidiárias: a Rumo Malha Norte, a Rumo Malha Central, Rumo Malha Sul, Rumo Malha Paulista, e Rumo Malha Oeste.
A reorganização será feita na Malha Norte, que além de deter a concessão da malha ferroviária Norte tem participação em três terminais portuários: 50% do Terminal XXXIX do Porto de Santos, 10% do Terminal de Granéis do Guarujá e 20% do Terminal Marítimo do Guarujá.
A ideia da operação é fazer uma cisão parcial da Malha Norte, transferindo as participações nesses terminais e uma parte do caixa da subsidiária para a holding.
Rafael Bergman, o CFO da Rumo, disse ao Brazil Journal que a cisão vai simplificar a operação, com a holding passando a deter diretamente a participação nesses terminais portuários, assim como já detém a participação no T16 e T19 (cujo controle a Rumo vendeu para a CLI no ano passado).
Além disso, a reorganização vai permitir que a holding, ao ter mais caixa, reduza sua despesa financeira. (Hoje a holding não gera receita, mas tem despesas administrativas e financeiras em função de sua dívida.)
Um terceiro benefício tem a ver com o investimento que a Rumo está fazendo na extensão da Malha Norte até Lucas do Rio Verde.
Este investimento — cuja a primeira fase a empresa estima entre R$ 4 bilhões e R$ 4,5 bilhões, num misto de caixa e dívida — está sendo feito pela holding, que precisará de recursos para isso.
O CFO disse que a quantidade de caixa a ser transferida para a holding ainda será decidida.
Por fim, quando a extensão até Lucas do Rio Verde começar a operar, a holding poderá usar a nova geração de caixa para compensar o prejuízo fiscal acumulado.
Hoje, a Rumo é dona de 99,74% do capital da Malha Norte, e os 0,26% restantes estão nas mãos de acionistas desde quando a ALL comprou a Ferronorte em 2006.
Esses minoritários da Malha Norte receberão ações da Rumo em troca da cisão dos ativos. A relação de troca será definida pelos comitês independentes das duas empresas (Rumo e Malha Norte) e terá que ser aprovada pelos conselhos.
A expectativa da Rumo é que a operação seja concluída em quatro meses. A companhia, na qual a Cosan tem 30%, vale R$ 36 bilhões na B3.
Fonte: Pedro Arbex e Geraldo Samor | Brazil Journal