Os bombardeios e confrontos entre o Exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) prosseguiram hoje (15) em Cartum e nos arredores, um mês após o início do conflito militar, que já matou mais de 675 pessoas.
Moradores da capital sudanesa disseram à agência EFE que, desde a manhã, são ouvidas fortes explosões, causadas aparentemente por bombardeios aéreos, nas três cidades que constituem o estado de Cartum.
Os ataques ocorreram em áreas a sul e norte da capital, bem como a leste do Nilo, contra posições paramilitares, que têm combatido o Exército desde 15 de abril.
Testemunhas afirmaram ter visto drones do Exército a bombardear tanques dos paramilitares nas proximidades do sul e leste de Cartum, bem como “cadáveres de combatentes das FAR”.
Moradores disseram ainda que vários projéteis caíram perto do Hospital Sharq al Nil, um dos vários centros médicos que foram desalojados à força pelos paramilitares para serem utilizados como forma de proteção contra os ataques do Exército após a destruição dos seus campos em Cartum.
Em comunicado, as FAR acusaram as forças militares de ter bombardeado o hospital e de ter causado “mortes e ferimentos em dezenas de pessoas”, sem esclarecer se se tratava de civis ou de paramilitares.
O Exército acusou repetidamente os paramilitares de se refugiarem em instituições civis, incluindo hospitais, bem como de ocuparem casas de civis para evitar bombardeios aéreos em zonas residenciais.
As duas partes do conflito se acusam de ter descumprido sucessivas tréguas anunciadas desde o início dos combates, sendo a última uma de sete dias patrocinada pelo Sudão do Sul, que terminou na última quinta-feira.
Nesse dia, o Exército e as FAR assinaram acordo na cidade saudita de Jeddah, mediado pela Arábia Saudita e pelos Estados Unidos, e com a ajuda das Nações Unidas, para garantir o fluxo seguro de ajuda internacional aos sudaneses, proteger os civis e os trabalhadores humanitários.
As partes retomaram o diálogo indiretamente, e em grande segredo, para chegar a acordo sobre uma trégua de dez dias e um mecanismo que facilite a distribuição da ajuda.
Os combates fizeram até agora mais de 675 mortos, mais de 5.500 feridos e quase 1 milhão de deslocados internos ou refugiados em outros países, segundo a mais recente estimativa do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (Ocha), divulgada nesse domingo.
Fonte: RTP* – Cartum