O planejamento da safra 2023/24 em Mato Grosso já começou. Ao mesmo tempo em que colhem o milho 2022/23, os agricultores no estado buscam por estratégias para tentar manter um equilíbrio na relação entre receita e despesas diante da desvalorização dos grãos nos últimos meses.
O agricultor Rodrigo Konageski pontua que a moeda do setor é o grão e ao começar a pensar no cenário da safra 2023/24 ele precisa fazer com que seus custos fiquem dentro daquilo que ela vale hoje.
“Hoje eu vejo um cenário em que os insumos baixaram. Está um preço mais confortável do que foi o ano passado, porém os preços futuros de soja estão baixos pra caramba. Então, quando você coloca isso na balança o custo por hectare em sacas por hectare ele aumentou em relação ao ano passado”.
Conforme Konageski, hoje para pagar a conta é preciso ter uma maior produtividade para haver um equilíbrio entre custos e rentabilidade.
“O cenário para safra de soja do ano que vem está muito apertado. A gente está vendo que as parcelas das máquinas, que são investimentos, aumentaram em relação às sacas por hectares, o óleo diesel eu vou precisar de mais sacas por hectare, para pagar funcionário vou precisar mais sacas por hectare. Para pagar mais custos com peças e manutenção de equipamentos e relação de troca por insumos ela está mais equilibrada, mas está bem mais alta em relação ao ano passado devido o preço da soja futura ter caído bastante”, diz o agricultor.
Produtores avaliam reduzir adubação em Mato Grosso
Entre as avalições dos agricultores para minimizar os custos da próxima temporada está a redução da adubação. Em Santa Rita do Trivelato, o produtor Enéas Galucio Batistella revela planejar uma diminuição de 15% na adubação no campo. Iniciativa, que segundo ele, acende um outro sinal de alerta: a incerteza quanto ao resultado final da produtividade da safra.
“É uma estratégia que a gente está adotando, porém, sabendo que estamos correndo o risco, porque você deixando de adubar consequentemente a estimativa de produção pode ser menor. Pode ser que lá para a frente a estratégia não seja a das melhores, mas é a que viabiliza a situação do produtor hoje para dar ajustada nos custos de fertilizantes, para poder a margem de rentabilidade da fazenda. Como a gente sempre tem feito uma adubação boa, vamos esse ano tentar usar um pouco da reserva e tentar manter a produtividade e esperamos que dê certo”.
Ainda de acordo com o agricultor, é difícil fazer as contas do quanto está perdendo com a desvalorização do cereal.
“Se colocar na ponta do papel o prejuízo é grande, porque na nossa região está com 50% de defasagem. Saiu de R$ 60 para R$ 30, então são 50% de deságio. Um lucro no caixa, para poder pagar os investimentos em maquinário, investir mais em fertilizantes, adubação, que é o que a gente projetava para os próximos anos, que já não vai acontecer”.
POR PEDRO SILVESTRE E VIVIANE PETROLI, DO CANAL RURAL MATO GROSSO