O colapso climático no globo pode acontecer muito mais cedo do que se pensa. A conclusão é de um estudo publicado nessa quinta-feira (22) na revista Nature Sustainability e explica que o fato de chegar e ultrapassar um dos limites pode levar a acelerar os restantes. Assim, os investigadores avisam que pelo menos um quinto dos ecossistemas mundiais corre o risco de sofrer catástrofes naturais.
“Pode acontecer mais cedo do que se pensa”, disse o professor Simon Willcock, autor do estudo. “Podemos dizer realisticamente que vamos ser a última geração a ver a Amazônia”. Como muitos outros estudos, o debate sobre as mudanças climáticas vai continuar.
Apesar de se ter chegado há muito à conclusão de que o aquecimento global e a utilização de combustíveis fósseis estão ligados, o estudo da ciência dos limites climáticos ainda não está bem avançado nem aprofundado.
As Nações Unidas têm tentado ser mais cautelosas e avaliam que o limite climático da Amazónia só deverá acontecer por volta do ano 2100. No entanto, muitos cientistas brasileiros têm chamado a atenção para o fato de a Amazónia sofrer uma catástrofe muito mais cedo do que as Nações Unidas preveem, com a desflorestamento e a mudança das temperaturas.
Juntando esses dois últimos fatores ao estresse dos caudais de água, à degradação e poluição dos rios (devido à exploração mineral), o limite do “pulmão” do mundo pode chegar mais cedo.
Citando o The Guardian, a agência diz que os cientistas que realizaram o estudo usaram mais que um exemplo de ecossistema e juntaram milhares de variáveis à pesquisa para perceber que alguns colapsos climáticos ocorreram devido a eventos extremos. Os ipesquisadores compreenderam também que se houver um ecossistema criado de forma sustentável, existem outros fatores de estresse que podem levar à reversão dessa sustentabilidade.
Apesar de o estudo ser limitado, os autores avisam que os resultados mostram a necessidade de os legisladores começarem a atuar com maior urgência. “Estudos anteriores sobre os limites climáticos sugeriram custos econômicos e sociais demasiado altos durante a segunda metade do século 21. As conclusões são de que existe potencial disso acontecer antes”, explicou o professor John Dearing, também coautor do estudo.
Para Simon Willcock, as conclusões desse estudo são “devastadoras”. Ele declarou que elas mostram que pequenas mudanças podem ter impactos muito positivos. Apesar de focar em aspectos negativos, Willcock afirmou que o contrário também pode ser verdade.
“A mesma lógica [negativa] pode funcionar de forma contrária. Potencialmente, se aplicarmos pressão positiva, podemos ver rápidas melhoras dos ecossistemas”, acrescentou Willcock, ressaltando que o relógio continua a avançar e muito mais rápido do que se pensa.
Fonte: RTP* – Lisboa
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