O calor implacável no sul da Europa contrasta com o clima frio e chuvoso das áreas de cultivo da região norte do continente.
As temperaturas durante a última semana ficaram em média de 3ºC a 7ºC acima do normal no centro-sul da Espanha até o leste da Grécia e região dos Balcãs.
Na Espanha, mesmo as lavouras irrigadas de girassóis e algodão foram submetidas a um estresse térmico significativo com temperaturas que ultrapassaram os 45ºC.
Já na Itália, o milho e a soja que estavam em fase de reprodução foram castigados com temperaturas em torno de 40ºC por mais de dez dias. Em seguida, chuvas torrenciais acima de 100 mm acompanhadas de granizo danificaram as lavouras.
Estresse térmico
O calor ajudou o algodão cultivado na Grécia a compensar o atraso no desenvolvimento causado por um junho com frio atípico. Porém, essa onda de calor prolongada já causa o estresse térmico nas culturas que se encontram em fase de floração.
Nos Balcãs, a onda de calor beneficiou a secagem do milho, mas impactou a soja, que estava em fase de florescimento/enchimento de grãos, causando perda de rendimentos.
A situação de seca persiste na França. Por outro lado, Moldávia, Ucrânia, Bielo-Rússia e Rússia receberam chuvas, o que manteve a boa umidade do solo e favoreceu as colheitas de verão, como o girassol e milho.
Já na Ásia central as fortes ondas de calor provocaram estresse térmico nas lavouras de cevada, trigo e algodão.
Onde o clima tem favorecido?
Foto: Pixabay
No Oriente Médio (Turquia e Irã) o clima tem favorecido os cultivos do algodão, girassol e milho. As monções na Índia contribuem para o desenvolvimento de grãos, oleaginosas e algodão.
Voltou a chover também no sul da China, o que ajuda no cultivo de arroz, principalmente. Porém, o forte calor na parte oeste do país, com temperaturas acima dos 40ºC, tem prejudicado as lavouras de algodão.
No Japão, o alto volume de chuva (mais de 200 mm em 24 horas) já causa prejuízo estimado em 9 milhões de dólares nas lavouras de soja, arroz e hortifruti.
Culturas de inverno
O clima seco está afetando as culturas de inverno (trigo, cevada e canola) na Austrália. O longo período de restrição hídrica deve impactar na produtividade dos cereais.
No México, as chuvas acima de 200 mm inundaram as principais áreas agrícolas do país em Veracruz até Campeche. Em contrapartida na porção norte o clima quente e seco predomina, causando restrição hídrica nas lavouras e pastagens, prejudicando os pecuaristas também de Chihuahua a Tamaulipas.
O clima seco vem prejudicando as lavouras de soja e milho em Ontário no Canadá, que se encontram em fase de reprodução.
A tendência é que essas condições meteorológicas continuem nas próximas semanas, pois além do El Niño estar se intensificando, grande parte dos oceanos em todo o globo permanecem com temperaturas acima do normal.