A colheita de milho em Lucas do Rio Verde foi dada por encerrada. Em Mato Grosso, até o dia 28 de julho, os trabalhos já foram realizados em 91,62% dos 7,4 milhões de hectares destinados ao grão nesta segunda safra 2022/23.
Lucas do Rio Verde destinou ao milho nesta temporada cerca de 161,45 mil hectares. Um aumento de 5% em comparação ao ciclo 2021/22.
De acordo com o Sindicato Rural do município, a produtividade média desta safra deve fechar em cerca de 130 sacas por hectare, dez sacas a mais em relação a última temporada. No que tange a comercialização estima-se que 60% da produção colhida tenha sido vendida até o momento.
“A produção foi até acima do esperado. O produtor teve muitos desafios nesse plantio, por exemplo as eleições, burocracias, falta de infraestrutura, falta de armazenagem e mesmo assim com o uso de tecnologia e de bons manejos o produtor conseguiu atingir uma produção boa em Lucas do Rio Verde, o que vai com certeza ajudar muito na economia local e na geração de empregos”, diz o presidente do Sindicato Rural, Marcelo Lupatini.
Lupatini salienta ainda que a inauguração de um grande armazém no município auxiliou para que não houvesse falta de espaço nesta safra, uma vez que o mesmo acabou absorvendo grande parte da produção. Outro fator que influenciou positivamente o resultado do milharal foi o aumento da área destinada pra o algodão.
Médio-norte e norte entram na reta final com o milho
Segundo levantamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as regiões norte (99,35%) e médio-norte (97,50%) devem encerrar os trabalhos no decorrer da semana. Outra região com os trabalhos acelerados é a nordeste com 95,45%.
Contudo, aponta o Imea, na região sudeste as máquinas devem seguir em campo por mais alguns dias. Por lá apenas 75,48% do milho foi retirado das lavouras. No noroeste mato-grossense 93% da área foi colhida, no oeste 88,21% e no centro-sul 84,11%.
A colheita do milho teve início em meados do dia 19 de maio. Em decorrência ao atraso no plantio, diante da colheita tardia da soja, os trabalhos nas lavouras com o cereal ao longo das últimas 11 semanas seguiram atrasado em relação ao ciclo 2021/22. Em 29 de julho do ano passado a colheita do milho no estado estava em 97,95%
Em relação à média dos últimos cinco anos, conforme o Imea, também há atraso. A média histórica para o período é de 92,63%.
Preço do milho no mercado disponível é desafio
Entre os desafios enfrentados pelos produtores de milho em Mato Grosso está o preço da saca de 60 quilos no mercado disponível, que hoje não cobre os custos de produção.
A saca de 60 quilos de milho no mercado disponível em Mato Grosso encerrou a última semana de julho cotada a R$ 33,23 em média. O valor representa uma desvalorização de 43,18% ante o mesmo período em 2022, quando fechou em R$ 58,48.
Desde o início de 2023 o preço do cereal no estado vem exibindo fortes quedas e se intensificou ainda mais nos últimos meses, vindo, inclusive, a ficar abaixo do preço mínimo estipulado pela Companhia Nacional do Abastecimento (Conab) para 2023 de R$ 43,26.
“Esse cenário é em decorrência do aumento da disponibilidade do cereal no mercado interno, do déficit de armazenagem e da perspectiva de uma produção de 50,15 milhões de toneladas, 14,39% a mais que a safra 2021/22”, pontua o Imea.
O instituto ressalta ainda que o produtor rural mato-grossense deve ficar de olho no mercado externo, uma vez que “para as próximas semanas o preço do cereal poderá ainda ser impactado pelas oscilações da CME-Group devido à produção da safra americana ainda estar em aberto e ao aumento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia”.
POR LUIZ PATRONI E VIVIANE PETROLI, DO CANAL RURAL MATO GROSSO