Após um mês no mar, foi resgatado em Cabo Verde um barco que chegou a transportar 101 migrantes. Sessenta e três pessoas morreram de fome durante a viagem.
“Até serem encontrados, estiveram 41 dias à deriva e a partir do sétimo dia esgotaram os mantimentos, o que custou a vida de mais de 50% dos ocupantes, que foram lançados ao mar devido à decomposição dos corpos”, diz relatório da Cruz Vermelha, citando o comandante do barco que socorreu e ouviu os sobreviventes.
A embarcação, com 101 migrantes a bordo, a maioria de nacionalidade senegalesa, partiu do porto de Saint Louis, no Senegal, na zona fronteiriça com a Mauritânia, em 7 de julho e foi vista em 14 de agosto, a 241 quilômetros da ilha do Sal, relata o documento.
Depois de ter sido avistada ao largo da ilha cabo-verdiana, no Oceano Atlântico, um barco de pesca foi autorizado a fazer o reboque para o porto de Palmeira, na ilha do Sal, diante da proximidade.
“Dos 45 migrantes, sete chegaram mortos, sendo logo encaminhados para o hospital regional Ramiro Alves Figueira para possível identificação”, acrescenta o relatório.
“Entre os sobreviventes (38), todos do sexo masculino, 37 de nacionalidade senegalesa e um da Guiné-Bissau, havia quatro adolescentes com idades entre 12 a 16 anos”.
No relatório, a Cruz Vermelha relata o trabalho levado o trabalho feito por uma equipe multidisciplinar das autoridades cabo-verdianas: desde a recepção dos migrantes no porto à prestação de cuidados sanitários e médicos, passando pelo acolhimento em tendas.
Na terça-feira (15), a ministra cabo-verdiana da Saúde, Filomena Gonçalves, pediu maior esforço internacional para conter as mortes de migrantes no mar.
No início do ano, o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, também pediu ajuda internacional a fim de criar condições para prevenir a chegada de migrantes e promover o seu acompanhamento. Isso depois de outro barco ter chegado à ilha da Boa Vista com 90 migrantes africanos a bordo, entre eles dois mortos.
A via atlântica voltou a ganhar força com o fechamento das fronteiras, provocado pela pandemia de covid-19 e a crise econômica a ela associada.
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Fonte: Rachel Mestre Mesquita – Repórter da RTP* – Praia
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