Na calada de uma operação que parece saída diretamente das páginas de um romance policial, dois servidores públicos do alto escalão da segurança foram enredados em uma trama de corrupção e ganância. Na pacata cidade de Peixoto de Azevedo, o delegado Geordan Fontenelle e o investigador Marcos Paulo Angeli viram suas carreiras jogadas na berlinda ao serem detidos sob a acusação de negociar a devolução de uma Ford Ranger, veículo este pertencente a uma vítima de estelionatários, em troca de uma pesada soma de R$ 15 mil.
O drama se desenrolou após a autorização da juíza Paula Tathiane Ribeiro, responsável pela 2ª Vara Criminal local, que não hesitou em emitir mandados de prisão contra os dois. A investigação desvendou que, dentro das paredes que deveriam simbolizar a lei e a ordem, havia sido montado um verdadeiro gabinete do crime, com o delegado apontado como o maestro de uma sinfonia ilícita, que tocava a melodia da corrupção.
Gravações de escutas ambientais trouxeram à luz pública diálogos chocantes entre os dois agentes, onde comem com alarde a quantia que seria extorquida da vítima aflita, utilizando um código singelo para dividir o espólio: “fifty, fifty”, em alusão a uma partilha igualitária da pilhagem.
O episódio espantoso ainda revela Geordan emitindo sinais de prudência, evocando o destino de outro delegado em Palmas que, por desventura, acabou preso em uma emboscada semelhante.
A sombria Operação Diaphthora, desencadeada pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil, surgiu das cinzas de denúncias que apontavam um círculo vicioso unindo policiais civis, um advogado e até garimpeiros locais, em atividades que destoavam da ética esperada, como solicitações de propina, advocacia administrativa e seguranças particulares oferecidas por quem deveria servir e proteger a população, desenhando o retrato de uma associação criminosa bem-estabelecida dentro da delegacia de Peixoto de Azevedo.
À medida que as investigações prosseguiam, a lama foi sendo revirada e os nomes dos implicados emergiram das sombras. A arte de solicitar vantagens indevidas, cobrar por “diárias” de hospedagem em alojamentos improvisados dentro da própria delegacia e a manutenção de uma tabela de pagamentos em troca de influências sobre procedimentos criminais, colocaram o delegado e o investigador no banco dos réus, acusados de ludibriarem não só a justiça mas a própria população que confiou neles a sua segurança.
Fonte : Mídia News